quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Fluidoterapia!

Entrevista com Divaldo Pereira Franco, dia 18.10.94.
Na reunião doutrinária do Centro Espírita Caminho da Redenção.


         JOSÉ FERRAZ: Divaldo, o que é o passe espírita? Ele cura as nossas desarmonias íntimas com reflexos na mente, na emoção e no corpo? Se isso acontece, como esses mecanismos funcionam?
         DIVALDO: Iremos buscar as origens históricas do passe espírita nos tempos modernos, nas experiências de franz Anton Mesmer, por volta de 1775, em Viena, quando o admirável médico austríaco apresentou à Universidade uma tese a respeito do intercâmbio das energias entre as criaturas humanas e os astros. A tese de Mesmer passaria à posteridade com o nome de fluidismo. Porque a Universidade de Viena considerasse a doutrina do admirável médico como anticientífica, ele recebeu uma proposta em duas alternativas: abandonar as suas experiências e ficar em Viena, ou abandonar Viena  para dar curso ao seu trabalho de investigação, Mesmer optou por transferir-se de Viena para Paris, numa época que precede aos dias da revolução de 89. Entre as clientes que atendeu no seu consultório podem ser recordadas Maria Antonieta e outras personalidades da corte de Luiz XVI.
         Foi Maria Antonieta, principalmente, quem se tornou uma grande divulgadora da energia mesmérica... Encontrava-se, nessa época, em França o militar estadunidense, General Lafayete; diante da revolução operada por Mesmer através do “baquet” ou tina das convulsões – uma grande tina de carvalho, na qual eram colocadas água e peças de metais imantados e em torno dela vários pequenos bancos e nela própria diversos orifícios por onde saiam hastes metálicas, que estavam introduzidas no imã e nos demais elementos dentro da tina, que as pessoas seguravam com o objeto de provocar choques(daí o “baquet”ter passado à posteridade com o nome de tina das convulsões) – 0nde as pessoas, por esta ou aquela razão, entrando num estado alterado de consciência asseveravam estar melhorando dos problemas psicossomáticos, de que eram objeto e porque Maria Antonieta, que era portadora  de uma grande enxaqueca, asseverasse haver se curado ao sentar na tina das convulsões, ele manda essa experiência para a América, através de uma carta memorável, a fim de que chegasse ao Novo Mundo o último fenômeno  que visitava Paris.
         Depois da Revolução francesa o “baquet”, ou tina das convulsões, entrou em relativa decadência.
         Mais tarde, por volta de 1825, as experiências mesméricas ganharam um admirável colaborador, o Marquês de Puységur, armand M. Jacques de Chastenet, que se tornou um admirável magnetizador. A partir de suas experiências o fluidismo mesmérico passou a ser considerado como magnetismo animal. Ele morava em Buzanci e ali atendia uma larga cópia de pacientes da nobreza, da burguesia. E porque os pobres também recorressem ao seu auxílio, o Marquês resolveu magnetizar uma árvore, um seibo, e os pacientes que a tocavam asseveravam assimilar energia, recuperando-se da problemática atormentadora.
         Visitando Paris, Marquês de Puységur teve oportunidade de magnetizar, nos Campos Elíseos, uma árvore que passou a ter propriedades curadoras.
         Nessa época, em 1828, chega a Paris, o jovem professor Hippolyte Leon Denizard Rivail e, diante da moda que tomava conta dos gabinetes de pesquisas, ele também adotou o comportamento de magnetizador. Allan Kardec, pseudônimo pelo qual será conhecido mais tarde, torna-se grande magnetizador; e foi numa das sessões, na residência de madame Plainemaison, como magnetizador, com o Sr. Fortier, que ele teve contato pela primeira vez com as mesas girantes, em uma terça feira de maio do ano de 1855 ( a data não foi anotada devidamente).
         Então, esse magnetismo, mais tarde, a partir de 1856, foi aplicado na terapia de pacientes de vária ordem, quando um deles, de nome Walker, caiu em transe sonambúlico por estar com os olhos detidos em peça brilhante, que o seu magnetizador movimentava. Nascem daí, as primeiras experiências hipinológicas que ficarão centralizadas na Universidade de Paris, especialmente para atender aos histéricos, durante a década 1880-1890, nas memoráveis experiências de Charcot.
         À medida que a Doutrina Espírita se popularizou, aquela aplicação de energias magnéticas passou a ter o contributo também fluídico, graças á interferência dos Espíritos que, invariavelmente, estão em contato com as criaturas humanas, e, a postriori, essas experiências (hoje chamadas de terapia alternativa), principalmente no passe e na água magnetizada, tornaram-se uma forma de os espíritas atendermos a pessoa que tem problemas.
         O passe pode ser considerado sob vários aspectos: o passe magnético, quando a energia exteriorizada é chamada energia animal, do próprio magnetizador; o passe fluídico, quando essa energia é calcada com as vibrações dos Espíritos desencarnados que se utilizam do comportamento mediúnico para transmitir o contributo energético e salutar.
         Essa mesma energia pode ser transmitida à água que, apesar de ser um corpo composto, é considerado dos mais simples; ela assimila com muita propriedade. É uma repetição do fenômeno das bodas de Cana, quando Jesus, a pedido de Maria santíssima, transformou a água dando-lhe o sabor de vinho.
         A transmissão da energia produz resultados saudáveis ou negativos, a depender do fulcro que faz a irradiação dela mesma. Qu8ando se trata de pessoas saudáveis, física, psíquica e moralmente, essa energia recompõe os tecidos porque vai atuar no perispírito, restabelecendo o equilíbrio vibratório para a multiplicação e a renovação das células.
Tanto tem ação de natureza emocional, na área psicológica do indivíduo, como psíquica, nos problemas de alienação mental e de tormento na área da obsessão, como também do refazimento orgânico, por proporcionar ao perispírito a recomposição energética das células que, ao se multiplicarem saudáveis, substituem aquelas degeneradas que, ao morrerem, já não se multiplicam.
         Então o passe espírita é a transmissão da energia através de uma pessoa que, orando, vinculada ao Psiquismo Divino, sintoniza com as Entidades do Bem para realizarem a ação de caridade.

         JOSÉ FERRAZ: Qualquer pessoa pode aplicar passe ou se exigem determinados requisitos?
         DIVALDO: Qualquer pessoa pode aplicar passe. O que merece considerar é a conseqüência da transmissão da energia.
         Uma pessoa caracterizada pelas veleidades morais, vinculada aos vícios chamados sociais, dependentes de drogas químicas e de hábitos censuráveis da promiscuidade sexual e comportamental; as pessoas que agasalham idéias pessimistas, que cultivam a maledicência e os vícios morais, não tem condições de aplicar de maneira saudável, o passe com objetivos curativos. Pode possuir energia, mas essa energia é deletéria conforme o comportamento do indivíduo. Para contribuir a favor da saúde moral, de saúde física, de saúde psíquica, porque somente uma pessoa harmônica pode evitar vibrações equilibradas para sintonizar com o psiquismo em perturbação daquela que se encontra doente.
         Para que se venha a aplicar passes, abandonando hábitos mundanos e modificando a sua estrutura comportamental, tornam-se exigíveis: primeiro, a mudança do direcionamento mental, depois, o cultivo de idéias otimistas, uma alimentação saudável (que seja rica de elementos nutrientes e não aquela que seja rica de toxinas para que estas não sejam eliminadas pela energia que vem do interior do indivíduo para o mundo exterior, no momento da transmissão) mas são especialmente na conduta moral e nos hábitos espirituais, graças a cujo comportamento se atrai Espíritos equivalentes, que está a grande responsabilidade de quem deseja aplicar passes.
         É, portanto, conveniente, sob todos os aspectos, que o pretendente à atividade terapêutica, na área dos passes, realize uma mudança de comportamento para melhor e procure tornar-se realmente um terapeuta de natureza espiritual, a fim de que a sua contribuição não seja negativa e possa realmente ajudar o indivíduo a libertar-se das suas problemáticas.

         JOSÉ FERRAZ: Existem duas expressões do Mestre Jesus que nos chamam a atenção nos fenômenos de cura: “que queres que eu faça?” e “a tua fé te curou”. Qual o significado dessas duas frases na visão espírita?
         DIVALDO: Nem sempre sabemos o que é de melhor para nós. Aquilo que hoje nos significa o melhor, amanhã, talvez, seja a causa da nossa desventura. E Jesus, porque conhecia essa nossa oscilação emocional, quando o homem foi pedir-lhe ajuda e, outras vezes, quando os necessitados dEle se acercavam, Ele lhes perguntava” “O que queres que eu te faça?”. Invariavelmente as pessoas redargüiam: “que me cures”. Por que era o seu grande problema.
         Jesus não apenas curava as seqüelas dos males orgânicos, mas aquele que mantinha um contato com Ele, quando levava as suas doenças, encontrava uma renovação íntima tão profunda que a sua era a cura moral, atingindo-lhe o fulcro espiritual.
         Na pergunta “que queres que eu faça?!, o espiritismo vê o que nós poderemos oferecer a quem nos busca, nem sempre conforme a pessoa quer, mas conforme o que a pessoa tem necessidade para evoluir.. Muitas vezes, a dor que nos amesquinha e que aparentemente nos infelicita é o que há de melhor para o nosso momento, já que nos amadurece para ensejar-nos a colheita de frutos opimos e sazonados mais tarde.
         A fé é o estado de receptividade, porque, se ao doador de energia são exigíveis requisitos essenciais para se colimarem efeitos superiores, àquele que se candidata a receber também são exigíveis requisitos específicos para poder beneficiar-se.

         O Swami Sai Baba tem uma bela imagem numa parábola: diz ele, que existem pedras que estão no fundo do oceano há milhões de anos; estão envoltas pelas águas abissais, mas se as arrebentarmos, elas estão secas por dentro, porque não se deixam permear. Existem outras que apenas o sereno da noite consegue penetra-las; e se nós as arrebentarmos encontrá-las-emos úmidas no seu interior. Essas pedras, para sai Baba, são as criaturas humanas: há pessoas que se encontram muitas vezes mergulhadas no oceano do conhecimento divino e permanecem impermeáveis; não se deixam sensibilizar; as suas necessidades são supérfluas, são sempre exteriores; interiormente estão secas, são frias, indiferentes. E outras são muito sensíveis, facilmente assimilam as boas idéias, beneficiam-se das informações, deixam-se penetrar pelas energias.
         Logo, todo aquele que se candidate à terapia do passe, como beneficiário, deve ser receptivo.  Deve abrir-se para que as vibrações penetrem-lhe e atinjam o perispírito.
         Essencialmente, o indivíduo é constituído de  sete fulcros ou chakras, ou centro de força. Particularmente o chakra coronário, que fica na região da glândula pienal e que é a sede do conhecimento de ordem divina, é o fulcro da  inspiração através do qual nós captamos as ondas do pensamento superior.

         JOSÉ FERRAZ: Existe necessidade de incorporação mediúnica para aplicação do passe?
         DIVALDO: Nenhuma necessidade, já que se pode magnetizar pela própria energia, como faziam Allan Kardec e os magnetizadores do passado. A incorporação mediúnica tem outra finalidade.
         Quando os Espíritos vêm comunicar-se conosco e trazem as suas mensagens, fazem-no em momentos próprios adrede estabelecidos. Durante a terapia pelos passes não é conveniente a incorporação mediúnica, para evitar a mística e a surperstição  e também o desgaste do próprio passista. Porque durante o fenômeno de incorporação há um desgaste de energia ectoplasmática, uma perda de energia curativa. Esses dois desgastes irão perturba o equilíbrio psicssomático do agente aplicador de passe.
         Buda tem uma imagem que nos parece esclarecedora: “uma vela que está acesa numa extremidade terá um tempo em que o combustível manterá a chama iluminando. Mas, se a acendermos pelos dois extremos, naturalmente o combustível se gastará com muito maior rapidez”.
         A pessoa que aplica passes, estando incorporada, vai ter uma despesa de energia desnecessária. O que acontece, no entanto, quando se faz a aplicação dopasse em estado de lucidez e de consciência? No breve intervalo do repouso entre um passe e outro o organismo se refaz qual ocorre na transfusão de sangue.

         JOSÉ FERRAZ: Divaldo, onde se deve aplicar passes?
         Divaldo:  Na casa Espírita.
         Onde se deve fazer cirurgias de grande porte? Nos hospitais. Onde se deve fazer um leve curativo? Em qualquer lugar.
         O passe espírita é uma atividade de profundidade. Muitas vezes, no momento do passe, as entidades venerandas realizam cirurgias perispirituais. Pessoas que tem “células fotoelétricas”, implantadas no cérebro, no cerebelo, ou tem determinados implantes em órgãos enfermos são beneficiados por esses Benfeitores, que se utilizam dos momentos de concentração do paciente e de harmonia com o agente do passe para realizar tais cirurgias.
         No centro Espírita, sim, por se tratar de um lugar onde existe um clima psíquico apropriado, onde se encontram condições mesológicas, porque ali os Espíritos colocam equipamentos especiais de que se utilizam.
         Em emergência, pode-se aplicar o passe em qualquer lugar. O essencial é a condição do agente e, como conseqüência, a receptividade do paciente. Pode-se aplica-lo no lar, naqueles que o habitam, ao término do culto evangélico, ou quando se torna uma necessidade. Não por hábito. Num hospital, quando as circunstancias assim o exigirem. Mas o ideal é que a terapia pelos passes seja aplicada no lugar conveniente que é o Centro Espírita. E por que aí? Porque no centro espírita a pessoa antes faz uma terapia psicológica, ouve para poder libertar-se de idéias que não correspondem à realidade, faz uma psicanálise de grupo, recebe uma onda vibratória essencial e vai, naturalmente, relaxar, por causa do próprio psiquismo ambiente, tornando-se facilmente receptiva.

        
JOSÉ FERRAZ: Como atuam os Bons Espíritos no momento da aplicação do passe?
         DIVALDO: sempre através do perispirito.
         Em A Gênese, capítulo 14, item 7, Allan Kardec fala das propriedades do perispírito e, em outras reporta-se à expansibilidade.

         JOSÉ FERRAZ: As técnicas usadas na aplicação dos passes tem alguma influência nos seus resultados?
         DIVALDO: Toda técnica é um contributo especializado para mais rapidamente se alcançar uma finalidade.
         Jesus, pelo Seu alto poder de dínamo gerador, deu-nos a prova de que as técnicas são meios, mas não se tornam essenciais.
         Chega o cego, Ele cospe na areia e faz lodo, passa-lhe nos olhos e diz-lhe: - “Agora vai lavar-te no poço de siloé” – que era um poço, uma piscina muito famosa nos arredores de Jerusalém – porque a tradição dizia que, periodicamente, os anjos “desciam”, moviam as águas e o primeiro enfermo que nelas caísse após a “agitação” adquiria a cura momentânea. Então o cego vai, lava os olhos e recupera a visão. É uma técnica.
         Ao jovem obsidiado de Gadara, quando ele passa pelo cemitério e o doente grita: “Jesus de Nazaré, que tens Tu contra nós?”, Ele pergunta: “Quem tu és?”. “Nós somos Legião, porque somos muitos aqueles que estamos neste corpo”. Ele impõe: “Legião, eu te ordeno: sai dele”. E os Espíritos saíram porque Lhe obedeceram a força vibratória. Outra técnica.
         Outra vez, uma paciente, portadora de obsessão física que a tornava corcunda, andava para cá e para lá, na Sinagoga. Jesus chamou-a, colocou-lhe a mão no dorso espinhal e corrigiu-lhe a imperfeição, libertando-a da constrição física do obsessor que a tornava uma atormentada.
         Temos ainda o caso da mulher que lhe tocou as vestes, a hemorroíssa, que tocou em Jesus, e o fluxo hemorrágico desapareceu na hora.
         Noutra oportunidade, a mulher caminhava acompanhando o féretro da própria filha, e porque chorava muito, Jesus contemplou o corpo e viu que a menina não estava morta, mas em catalepsia. Ele mandou tirar o envoltório e disse: “talita, cumi” (Levanta –te e anda).
          Ora, ele possuía essa força de irradiação, e nós, que não temos o mesmo poder, utilizamo-nos de algumas técnicas, devendo, todavia, preservar as mais simples, aquelas que sejam enriquecidas de doação para que, em primeiro lugar, a preocupação com a técnica não nos desvie da intenção de ajudar o paciente, e segundo, para que não fiquemos presos a fórmulas e formas, esquecidos do conteúdo, qual aconteceu com outras doutrinas que se preocuparam muito com o exterior e perderam a vitalidade interior.

         JOSÉ FERRAZ: Divaldo, agora nos demonstre um passe padrão, explicando-o detalhadamente para que o entendamos.
         DIVALDO: Antes de faze-lo, abramos um Parêntese: Pressupomos que o paciente tem um problema que não nos revelou – e não devemos ter a leviandade de invadir a privacidade das pessoas que nos procuram, para nos inteirarmos dos seus problemas, É necessário respeitar muito a vida íntima dos que nos buscam, para não nos tornarmos detentores de segredos e depois, consciente ou inconscientemente, fazermos chantagem. O problema de cada um merece todo o respeito, é de sua propriedade. Se a pessoa, espontaneamente, nos diz, peçamos para não entrar em detalhes constrangedores porque, no momento do impacto, ela abre a alma e depois arrepende-se, fica constrangida e afasta-se, ou,  muitas vezes nós, por deficiências do emocional, não captamos bem (cada um ouve e sente conforme a sua capacidade) e interpretamos errado, gerando situações embaraçosas. Muito respeito ao próximo é uma questão que caracteriza a atitude do espírita e o conteúdo do Espiritismo – um problema, não importa qual, e como o Chakra coronário é o centro da vida divina e o fulcro por onde entram as energias para nos vitalizar o organismo, iremos concentrar a nossa atividade nesse chakra, que está na parte superior do crâneo , ele próprio situado na tela túrcica, na base do cérebro, onde se localiza a glândula pienal ou epífese (Missionários da Luz, capítulo 2, André Luiz, estuda em profundidade a função psíquica dessa glândula).
         Então, pressupomos a pessoa com um desequilíbrio de qualquer natureza: a nossa primeira atitude é eliminar o fator perturbador, diríamos, retirar as energias deletérias através de movimentos rítmicos. Sabemos, hoje, através da doutrina do  bioritmo, que tudo no Universo obedece a ritmos , sendo  desnecessário apresentar explicações. As leis de gravitação universal, a circulação do sangue, os batimentos peristálticos... toda a vida transcorre em ritmos equilibrados.
         Através de movimentos rítmicos  iremos retirar essa energia que supomos negativa. Quer se trate de uma obsessão, de uma distonia psíquica ou de um desequilíbrio orgânico, centralizaremos o chakra coronário. Se a pessoa que estamos atendendo falou-nos que tem um problema pulmonar, iremos atuar no chakra correspondente. Mas no início, sempre fazer a “limpeza” no coronário. Terminada essa fase, que deve durar o tempo em que oramos um “Pai Nosso” – para dar idéia de tempo e não ficarmos preocupados oremos suavemente um “pai Nosso” e aí teríamos a dimensão de um minuto e meio a dois minutos, para não ficar cansativo para quem recebe e para quem aplica, e monótono, nem, também, muito rápido –faremos uma pausa e aplicaremos a energia que o organismo do paciente vai absorver para restaurar-lhe o equilíbrio.
         Assim dividimos esse passe simples em três momentos: assepsia, repouso e doação. Ainda, na limpeza, devemos ter o cuidado com o campo vibratório, que é toda a área que envolve a pessoa. Quando estivermos fazendo a assepsia de campo, tiraremos a energia negativa e esse campo (por onde nossas mãos passaram) óbviamente ficará saturado dessa energia. Ao retornar as mãos, fá-lo-emos por um campo neutro, por dentro (próximo ao nosso corpo). Retiramos e retornamos, repetidamente, sem que isso venha a se transformar num ritual. O espiritismo não tem ritual, não tem formalismo, não tem cerimonial.

         Agora esclarecidos, vamos aplicar o passe. Tomemos uma postura agradável: um pé à frente, o outro atrás, para nos movermos sem nos desequilibrar. Evitemos a respiração sobre a face do paciente. Não é necessário, aqui, nos reportarmos aos cuidados da higiene, porque é muito desagradável alguém descuidado acercar-se de outrem produzindo náuseas ou reações compreensíveis. Tenhamos bastante cuidado com os nossos odores, para criarmos constrangimentos nem reações próprias da nossa condição de pessoas humanas. Não falamos só da higiene corporal, porque essa é óbvia. Mas, ao passista, exigir-se-á muito mais: quando ele ao transpirar, sentir-se sem condição física, ceda o lugar a outro, porque não deve ter a pretensão de ser o salvador do mundo; se ele se salvar a si mesmo já é uma grande coisa e se ele ajudar alguém, é um coroamento. Há pessoas que, para impressionar, resfolegam e agitam-se, e movem-se... Isto é só para impressionar, não tem nenhum efeito, nenhum valor. O passe, é óbvio, não depende de força muscular, quanto mais discreto, rítmico, nobre, melhor efeito.
         Evitemos tocar nas pessoas. Não é necessário  segura-las, puxar de dedos, puxar os braços... São superstições, são quejandos que nós colocamos em uma terapia superior, para impressionar.
         Está no Evangelho: “Não é por muito chamar: Senhor, Senhor, que se entrará no reino dos céus”.E o profeta Isaías dizia: “Esse povo honra-me com os lábios, mas não tem no coração”. Portanto o passe é uma terapia eminentemente psíquica, de perispírito a perispírito, de alma a alma. Agora se notarmos que o paciente está muito concentrado, poderemos dar um ligeiro toque como a dizer-lhe: “Já terminei”. O fato de sairmos do seu lado, na maioria das vezes, é o suficiente para ele perceber que terminamos e volte serenamente à sua postura regulamentar.
         Como vimos é uma terapia simples. Tudo o que encontrarmos de arranjos e de exageros são enxertos pessoais que não tem nenhum valor real.
        



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