Entrevista
com Divaldo Pereira Franco, dia 18.10.94.
Na reunião doutrinária do Centro
Espírita Caminho da Redenção.
JOSÉ FERRAZ: Divaldo, o que é o passe espírita? Ele cura as
nossas desarmonias íntimas com reflexos na mente, na emoção e no corpo? Se isso
acontece, como esses mecanismos funcionam?
DIVALDO: Iremos buscar as origens
históricas do passe espírita nos tempos modernos, nas experiências de franz
Anton Mesmer, por volta de 1775, em Viena, quando o admirável médico austríaco
apresentou à Universidade uma tese a respeito do intercâmbio das energias entre
as criaturas humanas e os astros. A tese de Mesmer passaria à posteridade com o
nome de fluidismo. Porque a Universidade de Viena considerasse a doutrina do
admirável médico como anticientífica, ele recebeu uma proposta em duas
alternativas: abandonar as suas experiências e ficar em Viena, ou abandonar
Viena para dar curso ao seu trabalho de
investigação, Mesmer optou por transferir-se de Viena para Paris, numa época
que precede aos dias da revolução de 89. Entre as clientes que atendeu no seu
consultório podem ser recordadas Maria Antonieta e outras personalidades da
corte de Luiz XVI.
Foi Maria Antonieta, principalmente,
quem se tornou uma grande divulgadora da energia mesmérica... Encontrava-se,
nessa época, em França o militar estadunidense, General Lafayete; diante da
revolução operada por Mesmer através do “baquet” ou tina das convulsões – uma
grande tina de carvalho, na qual eram colocadas água e peças de metais
imantados e em torno dela vários pequenos bancos e nela própria diversos
orifícios por onde saiam hastes metálicas, que estavam introduzidas no imã e
nos demais elementos dentro da tina, que as pessoas seguravam com o objeto de
provocar choques(daí o “baquet”ter passado à posteridade com o nome de tina das
convulsões) – 0nde as pessoas, por esta ou aquela razão, entrando num estado
alterado de consciência asseveravam estar melhorando dos problemas
psicossomáticos, de que eram objeto e porque Maria Antonieta, que era portadora de uma grande enxaqueca, asseverasse haver se
curado ao sentar na tina das convulsões, ele manda essa experiência para a
América, através de uma carta memorável, a fim de que chegasse ao Novo Mundo o
último fenômeno que visitava Paris.
Depois da Revolução francesa o
“baquet”, ou tina das convulsões, entrou em relativa decadência.
Mais tarde, por volta de 1825, as
experiências mesméricas ganharam um admirável colaborador, o Marquês de
Puységur, armand M. Jacques de Chastenet, que se tornou um admirável magnetizador.
A partir de suas experiências o fluidismo mesmérico passou a ser considerado
como magnetismo animal. Ele morava em Buzanci e ali atendia uma larga cópia de
pacientes da nobreza, da burguesia. E porque os pobres também recorressem ao
seu auxílio, o Marquês resolveu magnetizar uma árvore, um seibo, e os pacientes
que a tocavam asseveravam assimilar energia, recuperando-se da problemática
atormentadora.
Visitando Paris, Marquês de Puységur
teve oportunidade de magnetizar, nos Campos Elíseos, uma árvore que passou a
ter propriedades curadoras.
Nessa época, em 1828, chega a Paris, o
jovem professor Hippolyte Leon Denizard Rivail e, diante da moda que tomava
conta dos gabinetes de pesquisas, ele também adotou o comportamento de
magnetizador. Allan Kardec, pseudônimo pelo qual será conhecido mais tarde,
torna-se grande magnetizador; e foi numa das sessões, na residência de madame
Plainemaison, como magnetizador, com o Sr. Fortier, que ele teve contato pela
primeira vez com as mesas girantes, em uma terça feira de maio do ano de 1855 (
a data não foi anotada devidamente).
Então, esse magnetismo, mais tarde, a
partir de 1856, foi aplicado na terapia de pacientes de vária ordem, quando um
deles, de nome Walker, caiu em transe sonambúlico por estar com os olhos
detidos em peça brilhante, que o seu magnetizador movimentava. Nascem daí, as
primeiras experiências hipinológicas que ficarão centralizadas na Universidade
de Paris, especialmente para atender aos histéricos, durante a década
1880-1890, nas memoráveis experiências de Charcot.
À medida que a Doutrina Espírita se
popularizou, aquela aplicação de energias magnéticas passou a ter o contributo
também fluídico, graças á interferência dos Espíritos que, invariavelmente,
estão em contato com as criaturas humanas, e, a postriori, essas experiências
(hoje chamadas de terapia alternativa), principalmente no passe e na água
magnetizada, tornaram-se uma forma de os espíritas atendermos a pessoa que tem
problemas.
O passe pode ser considerado sob vários
aspectos: o passe magnético, quando a energia exteriorizada é chamada energia
animal, do próprio magnetizador; o passe fluídico, quando essa energia é
calcada com as vibrações dos Espíritos desencarnados que se utilizam do
comportamento mediúnico para transmitir o contributo energético e salutar.
Essa mesma energia pode ser transmitida
à água que, apesar de ser um corpo composto, é considerado dos mais simples;
ela assimila com muita propriedade. É uma repetição do fenômeno das bodas de
Cana, quando Jesus, a pedido de Maria santíssima, transformou a água dando-lhe
o sabor de vinho.
A transmissão da energia produz
resultados saudáveis ou negativos, a depender do fulcro que faz a irradiação
dela mesma. Qu8ando se trata de pessoas saudáveis, física, psíquica e
moralmente, essa energia recompõe os tecidos porque vai atuar no perispírito,
restabelecendo o equilíbrio vibratório para a multiplicação e a renovação das
células.
Tanto
tem ação de natureza emocional, na área psicológica do indivíduo, como
psíquica, nos problemas de alienação mental e de tormento na área da obsessão,
como também do refazimento orgânico, por proporcionar ao perispírito a
recomposição energética das células que, ao se multiplicarem saudáveis,
substituem aquelas degeneradas que, ao morrerem, já não se multiplicam.
Então o passe espírita é a transmissão
da energia através de uma pessoa que, orando, vinculada ao Psiquismo Divino,
sintoniza com as Entidades do Bem para realizarem a ação de caridade.
JOSÉ FERRAZ: Qualquer pessoa pode aplicar passe ou se exigem determinados
requisitos?
DIVALDO: Qualquer pessoa pode aplicar
passe. O que merece considerar é a conseqüência da transmissão da energia.
Uma pessoa caracterizada pelas
veleidades morais, vinculada aos vícios chamados sociais, dependentes de drogas
químicas e de hábitos censuráveis da promiscuidade sexual e comportamental; as
pessoas que agasalham idéias pessimistas, que cultivam a maledicência e os
vícios morais, não tem condições de aplicar de maneira saudável, o passe com
objetivos curativos. Pode possuir energia, mas essa energia é deletéria
conforme o comportamento do indivíduo. Para contribuir a favor da saúde moral,
de saúde física, de saúde psíquica, porque somente uma pessoa harmônica pode
evitar vibrações equilibradas para sintonizar com o psiquismo em perturbação
daquela que se encontra doente.
Para que se venha a aplicar passes,
abandonando hábitos mundanos e modificando a sua estrutura comportamental,
tornam-se exigíveis: primeiro, a mudança do direcionamento mental, depois, o
cultivo de idéias otimistas, uma alimentação saudável (que seja rica de
elementos nutrientes e não aquela que seja rica de toxinas para que estas não
sejam eliminadas pela energia que vem do interior do indivíduo para o mundo
exterior, no momento da transmissão) mas são especialmente na conduta moral e
nos hábitos espirituais, graças a cujo comportamento se atrai Espíritos
equivalentes, que está a grande responsabilidade de quem deseja aplicar passes.
É, portanto, conveniente, sob todos os
aspectos, que o pretendente à atividade terapêutica, na área dos passes,
realize uma mudança de comportamento para melhor e procure tornar-se realmente
um terapeuta de natureza espiritual, a fim de que a sua contribuição não seja
negativa e possa realmente ajudar o indivíduo a libertar-se das suas
problemáticas.
JOSÉ FERRAZ: Existem duas expressões do
Mestre Jesus que nos chamam a atenção nos fenômenos de cura: “que queres que eu faça?” e “a tua fé te
curou”. Qual o significado dessas duas frases na visão espírita?
DIVALDO: Nem sempre sabemos o que é de
melhor para nós. Aquilo que hoje nos significa o melhor, amanhã, talvez, seja a
causa da nossa desventura. E Jesus, porque conhecia essa nossa oscilação
emocional, quando o homem foi pedir-lhe ajuda e, outras vezes, quando os necessitados
dEle se acercavam, Ele lhes perguntava” “O
que queres que eu te faça?”. Invariavelmente as pessoas redargüiam: “que me
cures”. Por que era o seu grande problema.
Jesus não apenas curava as seqüelas dos
males orgânicos, mas aquele que mantinha um contato com Ele, quando levava as
suas doenças, encontrava uma renovação íntima tão profunda que a sua era a cura
moral, atingindo-lhe o fulcro espiritual.
Na pergunta “que queres que eu faça?!,
o espiritismo vê o que nós poderemos oferecer a quem nos busca, nem sempre
conforme a pessoa quer, mas conforme o que a pessoa tem necessidade para
evoluir.. Muitas vezes, a dor que nos amesquinha e que aparentemente nos
infelicita é o que há de melhor para o nosso momento, já que nos amadurece para
ensejar-nos a colheita de frutos opimos e sazonados mais tarde.
A fé é o estado de receptividade,
porque, se ao doador de energia são exigíveis requisitos essenciais para se
colimarem efeitos superiores, àquele que se candidata a receber também são
exigíveis requisitos específicos para poder beneficiar-se.
O Swami Sai Baba tem uma bela imagem
numa parábola: diz ele, que existem pedras que estão no fundo do oceano há
milhões de anos; estão envoltas pelas águas abissais, mas se as arrebentarmos,
elas estão secas por dentro, porque não se deixam permear. Existem outras que
apenas o sereno da noite consegue penetra-las; e se nós as arrebentarmos
encontrá-las-emos úmidas no seu interior. Essas pedras, para sai Baba, são as
criaturas humanas: há pessoas que se encontram muitas vezes mergulhadas no
oceano do conhecimento divino e permanecem impermeáveis; não se deixam
sensibilizar; as suas necessidades são supérfluas, são sempre exteriores;
interiormente estão secas, são frias, indiferentes. E outras são muito
sensíveis, facilmente assimilam as boas idéias, beneficiam-se das informações,
deixam-se penetrar pelas energias.
Logo, todo aquele que se candidate à
terapia do passe, como beneficiário, deve ser receptivo. Deve abrir-se para que as vibrações
penetrem-lhe e atinjam o perispírito.
Essencialmente, o indivíduo é
constituído de sete fulcros ou chakras, ou centro de força.
Particularmente o chakra coronário,
que fica na região da glândula pienal e que é a sede do conhecimento de ordem
divina, é o fulcro da inspiração através
do qual nós captamos as ondas do pensamento superior.
JOSÉ FERRAZ: Existe necessidade de incorporação mediúnica para aplicação do passe?
DIVALDO: Nenhuma necessidade, já que se
pode magnetizar pela própria energia, como faziam Allan Kardec e os magnetizadores
do passado. A incorporação mediúnica tem outra finalidade.
Quando os Espíritos vêm comunicar-se
conosco e trazem as suas mensagens, fazem-no em momentos próprios adrede
estabelecidos. Durante a terapia pelos passes não é conveniente a incorporação
mediúnica, para evitar a mística e a surperstição e também o desgaste do próprio passista.
Porque durante o fenômeno de incorporação há um desgaste de energia
ectoplasmática, uma perda de energia curativa. Esses dois desgastes irão
perturba o equilíbrio psicssomático do agente aplicador de passe.
Buda tem uma imagem que nos parece
esclarecedora: “uma vela que está acesa numa extremidade terá um tempo em que o
combustível manterá a chama iluminando. Mas, se a acendermos pelos dois
extremos, naturalmente o combustível se gastará com muito maior rapidez”.
A pessoa que aplica passes, estando
incorporada, vai ter uma despesa de energia desnecessária. O que acontece, no
entanto, quando se faz a aplicação dopasse em estado de lucidez e de
consciência? No breve intervalo do repouso entre um passe e outro o organismo
se refaz qual ocorre na transfusão de sangue.
JOSÉ FERRAZ: Divaldo, onde se deve aplicar passes?
Divaldo: Na casa Espírita.
Onde se deve fazer cirurgias de grande
porte? Nos hospitais. Onde se deve fazer um leve curativo? Em qualquer lugar.
O passe espírita é uma atividade de
profundidade. Muitas vezes, no momento do passe, as entidades venerandas
realizam cirurgias perispirituais. Pessoas que tem “células fotoelétricas”,
implantadas no cérebro, no cerebelo, ou tem determinados implantes em órgãos
enfermos são beneficiados por esses Benfeitores, que se utilizam dos momentos
de concentração do paciente e de harmonia com o agente do passe para realizar
tais cirurgias.
No centro Espírita, sim, por se tratar
de um lugar onde existe um clima psíquico apropriado, onde se encontram
condições mesológicas, porque ali os Espíritos colocam equipamentos especiais
de que se utilizam.
Em emergência, pode-se aplicar o passe
em qualquer lugar. O essencial é a condição do agente e, como conseqüência, a
receptividade do paciente. Pode-se aplica-lo no lar, naqueles que o habitam, ao
término do culto evangélico, ou quando se torna uma necessidade. Não por
hábito. Num hospital, quando as circunstancias assim o exigirem. Mas o ideal é
que a terapia pelos passes seja aplicada no lugar conveniente que é o Centro
Espírita. E por que aí? Porque no centro espírita a pessoa antes faz uma
terapia psicológica, ouve para poder libertar-se de idéias que não correspondem
à realidade, faz uma psicanálise de grupo, recebe uma onda vibratória essencial
e vai, naturalmente, relaxar, por causa do próprio psiquismo ambiente,
tornando-se facilmente receptiva.
JOSÉ
FERRAZ: Como atuam os Bons Espíritos no
momento da aplicação do passe?
DIVALDO: sempre através do perispirito.
Em A Gênese, capítulo 14, item 7, Allan
Kardec fala das propriedades do perispírito e, em outras reporta-se à
expansibilidade.
JOSÉ FERRAZ: As técnicas usadas na aplicação dos passes tem alguma influência nos seus
resultados?
DIVALDO: Toda técnica é um contributo
especializado para mais rapidamente se alcançar uma finalidade.
Jesus, pelo Seu alto poder de dínamo
gerador, deu-nos a prova de que as técnicas são meios, mas não se tornam
essenciais.
Chega o cego, Ele cospe na areia e faz
lodo, passa-lhe nos olhos e diz-lhe: - “Agora vai lavar-te no poço de siloé” –
que era um poço, uma piscina muito famosa nos arredores de Jerusalém – porque a
tradição dizia que, periodicamente, os anjos “desciam”, moviam as águas e o
primeiro enfermo que nelas caísse após a “agitação” adquiria a cura momentânea.
Então o cego vai, lava os olhos e recupera a visão. É uma técnica.
Ao jovem obsidiado de Gadara, quando
ele passa pelo cemitério e o doente grita: “Jesus de Nazaré, que tens Tu contra
nós?”, Ele pergunta: “Quem tu és?”. “Nós somos Legião, porque somos muitos
aqueles que estamos neste corpo”. Ele impõe: “Legião, eu te ordeno: sai dele”.
E os Espíritos saíram porque Lhe obedeceram a força vibratória. Outra técnica.
Outra vez, uma paciente, portadora de
obsessão física que a tornava corcunda, andava para cá e para lá, na Sinagoga.
Jesus chamou-a, colocou-lhe a mão no dorso espinhal e corrigiu-lhe a
imperfeição, libertando-a da constrição física do obsessor que a tornava uma atormentada.
Temos ainda o caso da mulher que lhe
tocou as vestes, a hemorroíssa, que tocou em Jesus, e o fluxo hemorrágico
desapareceu na hora.
Noutra oportunidade, a mulher caminhava
acompanhando o féretro da própria filha, e porque chorava muito, Jesus
contemplou o corpo e viu que a menina não estava morta, mas em catalepsia. Ele
mandou tirar o envoltório e disse: “talita,
cumi” (Levanta –te e anda).
Ora, ele possuía essa força de irradiação, e
nós, que não temos o mesmo poder, utilizamo-nos de algumas técnicas, devendo,
todavia, preservar as mais simples, aquelas que sejam enriquecidas de doação
para que, em primeiro lugar, a preocupação com a técnica não nos desvie da
intenção de ajudar o paciente, e segundo, para que não fiquemos presos a
fórmulas e formas, esquecidos do conteúdo, qual aconteceu com outras doutrinas
que se preocuparam muito com o exterior e perderam a vitalidade interior.
JOSÉ FERRAZ: Divaldo, agora nos demonstre um passe padrão,
explicando-o detalhadamente para que o entendamos.
DIVALDO: Antes de faze-lo, abramos um
Parêntese: Pressupomos que o paciente tem um problema que não nos revelou – e
não devemos ter a leviandade de invadir a privacidade das pessoas que nos
procuram, para nos inteirarmos dos seus problemas, É necessário respeitar muito
a vida íntima dos que nos buscam, para não nos tornarmos detentores de segredos
e depois, consciente ou inconscientemente, fazermos chantagem. O problema de
cada um merece todo o respeito, é de sua propriedade. Se a pessoa,
espontaneamente, nos diz, peçamos para não entrar em detalhes constrangedores
porque, no momento do impacto, ela abre a alma e depois arrepende-se, fica
constrangida e afasta-se, ou, muitas
vezes nós, por deficiências do emocional, não captamos bem (cada um ouve e
sente conforme a sua capacidade) e interpretamos errado, gerando situações
embaraçosas. Muito respeito ao próximo é uma questão que caracteriza a atitude
do espírita e o conteúdo do Espiritismo – um problema, não importa qual, e como
o Chakra coronário é o centro da
vida divina e o fulcro por onde entram as energias para nos vitalizar o
organismo, iremos concentrar a nossa atividade nesse chakra, que está na parte superior do crâneo , ele próprio situado
na tela túrcica, na base do cérebro, onde se localiza a glândula pienal ou
epífese (Missionários da Luz,
capítulo 2, André Luiz, estuda em profundidade a função psíquica dessa
glândula).
Então, pressupomos a pessoa com um
desequilíbrio de qualquer natureza: a nossa primeira atitude é eliminar o fator
perturbador, diríamos, retirar as energias deletérias através de movimentos
rítmicos. Sabemos, hoje, através da doutrina do
bioritmo, que tudo no Universo obedece a ritmos , sendo desnecessário apresentar explicações. As leis
de gravitação universal, a circulação do sangue, os batimentos peristálticos...
toda a vida transcorre em ritmos equilibrados.
Através de movimentos rítmicos iremos retirar essa energia que supomos
negativa. Quer se trate de uma obsessão, de uma distonia psíquica ou de um
desequilíbrio orgânico, centralizaremos o
chakra coronário. Se a pessoa que estamos atendendo falou-nos que tem um
problema pulmonar, iremos atuar no chakra
correspondente. Mas no início, sempre fazer a “limpeza” no coronário.
Terminada essa fase, que deve durar o tempo em que oramos um “Pai Nosso” – para
dar idéia de tempo e não ficarmos preocupados oremos suavemente um “pai Nosso”
e aí teríamos a dimensão de um minuto e meio a dois minutos, para não ficar
cansativo para quem recebe e para quem aplica, e monótono, nem, também, muito
rápido –faremos uma pausa e aplicaremos a energia que o organismo do paciente
vai absorver para restaurar-lhe o equilíbrio.
Assim dividimos esse passe simples em
três momentos: assepsia, repouso e doação. Ainda, na limpeza, devemos ter o
cuidado com o campo vibratório, que é toda a área que envolve a pessoa. Quando
estivermos fazendo a assepsia de campo, tiraremos a energia negativa e esse
campo (por onde nossas mãos passaram) óbviamente ficará saturado dessa energia.
Ao retornar as mãos, fá-lo-emos por um campo neutro, por dentro (próximo ao
nosso corpo). Retiramos e retornamos, repetidamente, sem que isso venha a se
transformar num ritual. O espiritismo não tem ritual, não tem formalismo, não
tem cerimonial.
Agora esclarecidos, vamos aplicar o passe.
Tomemos uma postura agradável: um pé à frente, o outro atrás, para nos movermos
sem nos desequilibrar. Evitemos a respiração sobre a face do paciente. Não é
necessário, aqui, nos reportarmos aos cuidados da higiene, porque é muito
desagradável alguém descuidado acercar-se de outrem produzindo náuseas ou
reações compreensíveis. Tenhamos bastante cuidado com os nossos odores, para
criarmos constrangimentos nem reações próprias da nossa condição de pessoas
humanas. Não falamos só da higiene corporal, porque essa é óbvia. Mas, ao
passista, exigir-se-á muito mais: quando ele ao transpirar, sentir-se sem
condição física, ceda o lugar a outro, porque não deve ter a pretensão de ser o
salvador do mundo; se ele se salvar a si mesmo já é uma grande coisa e se ele ajudar
alguém, é um coroamento. Há pessoas que, para impressionar, resfolegam e
agitam-se, e movem-se... Isto é só para impressionar, não tem nenhum efeito,
nenhum valor. O passe, é óbvio, não depende de força muscular, quanto mais
discreto, rítmico, nobre, melhor efeito.
Evitemos tocar nas pessoas. Não é
necessário segura-las, puxar de dedos,
puxar os braços... São superstições, são quejandos que nós colocamos em uma
terapia superior, para impressionar.
Está no Evangelho: “Não é por muito
chamar: Senhor, Senhor, que se entrará no reino dos céus”.E o profeta Isaías
dizia: “Esse povo honra-me com os lábios, mas não tem no coração”. Portanto o
passe é uma terapia eminentemente psíquica, de perispírito a perispírito, de
alma a alma. Agora se notarmos que o paciente está muito concentrado, poderemos
dar um ligeiro toque como a dizer-lhe: “Já terminei”. O fato de sairmos do seu
lado, na maioria das vezes, é o suficiente para ele perceber que terminamos e
volte serenamente à sua postura regulamentar.
Como vimos é uma terapia simples. Tudo
o que encontrarmos de arranjos e de exageros são enxertos pessoais que não tem
nenhum valor real.
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