O culto do Evangelho no lar não é uma inovação. É uma necessidade em
toda parte onde o Cristianismo lance raízes de aperfeiçoamento e sublimação. A
Boa-Nova seguiu da Manjedoura para as praças públicas e avançou da casa humilde
de Simão Pedro para a glorificação no Pentecostes. A palavra do Senhor soou,
primeiramente, sob o teto simples de Nazaré e, certo, se fará ouvir, de novo,
por nosso intermédio, antes de tudo, no círculo dos nossos familiares e
afeiçoados, com os quais devemos atender às obrigações que nos competem no
tempo.
Quando o ensinamento do Mestre vibre entre as quatro paredes de um
templo doméstico, os pequeninos sacrifícios tecem a felicidade comum.
A observação impensada é ouvida sem revolta.
A calúnia é isolada no algodão do silêncio.
A enfermidade é recebida com calma.
O erro alheio encontra compaixão.
A maldade não encontra brechas para insinuar-se.
E aí, dentro desse paraíso que alguns já estão edificando, a benefício
deles e dos outros, o estímulo é um cântico de solidariedade incessante, a
bondade é uma fonte inexaurível de paz e entendimento, a gentileza é inspiração
de todas as horas, o sorriso é a sombra de cada um e a palavra permanece
revestida de luz, vinculada ao amor que o Amigo Celeste nos legou.
Somente depois da experiência evangélica do lar, o coração está
realmente habilitado para distribuir o pão divino da Boa-Nova, junto da
multidão, embora devamos o esclarecimento amigo e o conselho santificante aos
companheiros da romagem humana, em todas as circunstâncias.
Não olvidemos, assim, os impositivos da aplicação com o Cristo, no
santuário familiar, onde nos cabem o exemplo de paciência, compreensão,
fraternidade, serviço, fé e bom ânimo, sob o reinado legítimo do amor, porque,
estudando a Palavra do Céu em quatro Evangelhos, que constituem o Testamento da
Luz, somos, cada um de nós, o quinto Evangelho inacabado, mas vivo e atuante,
que estamos escrevendo com os próprios testemunhos, a fim de que a nossa vida
seja uma revelação de Jesus, aberta ao olhar e à apreciação de todos, sem
necessidade de utilizarmos muitas palavras na advertência ou na pregação.
Emmanuel
Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Luz no Lar. Por diversos Espíritos. 8.
ed. Rio de Janeiro: FEB, 1997. Cap 1, p. 11-12.
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