segunda-feira, 14 de agosto de 2017

A Família como Instrumento de Redenção Espiritual.


... Reconcilia-te com o teu adversário – advertiu Cristo – enquanto estás a caminho com ele.

E não é precisamente no círculo aconchegante da família que estamos a caminho com aquele que a nossa insensatez converteu em adversário?

O espiritismo coloca, pois, sob perspectiva inteiramente renovada e até inesperada, além de criativa e realista, a difícil e até agora inexplicável problemática do inter-relacionamento familial. Se um membro de nossa família tem dificuldades em nos aceitar, em nos entender, em nos amar, podemos estar certos de que tais dificuldades foram criadas por nós mesmos num relacionamento anterior em que as nossas paixões ignoraram o bom senso.

- E a repulsão instintiva que se experimenta por algumas pessoas, donde se origina? Perguntou Kardec aos seus instrutores (LIVRO DOS ESPÍRITOS, Pergunta 389).

- São espíritos antipáticos que se adivinham e reconhecem, sem se falarem.

O ponto de encontro de muitas dessas antipatias, que necessitam do toque mágico do amor e do entendimento, é a família consangüínea, célula de um organismo mais amplo que é a família espiritual, que por sua vez, é a célula da instituição infinitamente mais vasta que são a família mundial e, finalmente, a universal.

A Doutrina considera a instituição do casamento como instrumento do “progresso na marcha da humanidade” e, reversamente, a abolição do casamento como “uma regressão à vida dos animais”. (Questões 695 e 696, de O LIVRO DOS ESPÍRITOS). Como vimos há pouco, é também essa a opinião dos cientistas especializados responsáveis.

Ao comentar as questões indicadas, Kardec acrescentou que – “O estado de natureza é o da união livre e fortuita dos sexos. O casamento constitui um dos primeiros atos de progresso nas sociedades humanas, porque estabelece a solidariedade fraterna e se observa entre todos os povos, se bem que em condições diversas”.

No que, mais uma vez, estão de acordo estudiosos do problema do ponto de vista científico e formuladores e divulgadores da Doutrina Espírita.

Isto nos leva à delicada questão do divórcio, reconhecido como uma das principais causas desagregadoras do casamento e, por extensão, da família.

O problema da indissolubilidade do casamento foi abordado pelos Espíritos, de maneira bastante sumária, na Questão nº. 697. Perguntados sobre se “Está na lei da Natureza, ou somente na lei humana a indissolubilidade absoluta do casamento”, responderam na seguinte forma:

- É uma lei muito contrária à da Natureza. Mas os homens podem modificar suas leis; só as da Natureza são imutáveis.

O que, exatamente, quer dizer isso?

Em primeiro lugar, convém chamar a atenção para o fato de que a resposta foi dada no contexto de uma pergunta específica sobre a indissolubilidade absoluta. Realmente, a lei natural ou divina não impõe inapelavelmente um tipo rígido de união, mesmo porque o livre arbítrio é princípio fundamental, direito inalienável do ser humano. “Sem o livre arbítrio – consta enfaticamente da Questão nº. 843 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS – o homem seria máquina”.

A lei natural, por conseguinte, não iria traçar limites arbitrários às opções humanas, encadeando homens e mulheres a um severo regime de escravidão, que poderá conduzir a situações calamitosas em termos evolutivos, resultando em agravamento dos conflitos, em lugar de os resolver, ou pelo menos atenuá-los.

Ademais, como vimos lembrando repetidamente, o Espiritismo não se propõe a ditar regras de procedimento específico para cada situação da vida. O que oferece são princípios gerais, é uma estrutura básica, montada sobre a permanência e estabilidade de verdades testadas e aprovadas pela experiência de muitos milênios. Que dentro desse espaço se movimente a criatura humana no exercício pleno de seu livre arbítrio e decida o que melhor lhe convém, ante o conjunto de circunstâncias em que se encontra.

O casamento é compromisso espiritual previamente negociado e acertado, ainda que nem sempre aceito de bom grado pelas partes envolvidas. São muitos, senão maioria, os que se unem na expectativa de muitos anos de turbulência e mal-entendidos porque estão em débito com o parceiro que acolhem, precisamente para que se conciliem se ajustem, se pacifiquem e se amem ou, pelo menos, se respeitem e estimem.

Mergulhados, porém, na carne, os bons propósitos do devedor, que programou para si mesmo um regime de tolerância e autocontrole, podem falhar. Como também pode exorbitar da sua desejável moderação o parceiro que vem para receber a reparação, e em lugar de recolher com serenidade o que lhe é devido (e outrora lhe foi negado) em atenção, apoio, segurança e afeto, assume a atitude do tirano arbitrário que, além de exigir com intransigência o devido, humilha, oprime e odeia o parceiro que, afinal de contas, está fazendo o possível, dentro das suas limitações, para cumprir seu compromisso. Nesses casos, o processo de ajuste – que será sempre algo difícil mas poderá desenrolar-se em clima de mútua compreensão – converte-se em vingança irracional.

Numa situação dessas, mais frequente do que poderíamos supor, a indissolubilidade absoluta a que se refere a Codificação seria, de fato, uma lei antinatural. Se um dos parceiros da união, programada com o objetivo de promover uma retificação de comportamento, utilizou-se insensatamente da sua faculdade de livre escolha, optando pelo ódio e a vingança, quando poderia simplesmente recolher o que lhe é devido por um devedor disposto a pagar, seria injusto que a lei recusasse a este o direito de recuar do compromisso assumido, modificar seus termos, ou adiar a execução, assumindo, é claro, todas as responsabilidades decorrentes de seus atos, como sempre, aliás.

A lei divina não coo nesta a violência que um parceiro se disponha a praticar sobre o outro. Além do mais, a dívida não é tanto com o indivíduo prejudicado quanto com a própria lei divina desrespeitada. No momento em que arruinamos ou assassinamos alguém, cometemos, claro, um delito pessoal de maior gravidade. É preciso lembrar, contudo, que a vítima também se encontra envolvida com a lei, que, paradoxalmente, irá exibir a reparação da falta cometida, não para vingá-la, mas para desestimular o faltoso, mostrando-lhe que cada gesto negativo cria a sua matriz de reparação. O Cristo foi enfático e preciso ao ligar sempre o erro à dor do resgate. “Vai e não peques mais, para que não te aconteça coisa pior”, disse ele.

Não há sofrimento inocente, nem cobrança injusta ou indevida. O que deve paga e o que está sendo cobrado é porque deve. Assim a própria vítima de um gesto criminoso é também um ser endividado perante a lei, por alguma razão concreta anterior, ainda que ignorada. Se, em lugar de reconciliar-se, ela se vingar, estará reabrindo sua conta como novo débito em vez de saldá-la.

A lei natural, portanto, não prescreve a indissolubilidade mandatária e absoluta do casamento, como a caracterizou Kardec na sua pergunta. Conseqüentemente, a lei humana não deve ser mais realista do que a outra que lhe é superior; deve ser flexível, abrindo espaço para as opções individuais do livre arbítrio.

Isso, contudo, está longe de significar uma atitude de complacência ou de estímulo à separação dos casais em dificuldades. O divórcio é admissível, em situações de grave conflito, nas quais a separação legal assume a condição de mal menor, em confronto com opções potencialmente mais graves que projetam ameaçadoras tragédias e aflições imprevisíveis: suicídios, assassinatos, e conflitos outros que destroem famílias e acarretam novos e pesados compromissos, em vez de resolver os que já vieram do passado por auto-herança.

Convém, portanto, atentar para todos os aspectos da questão e não ceder precipitadamente ao primeiro impulso passional ou solicitação do comodismo ou do egoísmo. Dificuldades de relacionamento são mesmo de esperar-se na grande maioria das uniões que se processam em nosso mundo ainda imperfeito. Não deve ser desprezado o importante aspecto de que o casamento foi combinado e aceito com a necessária antecipação, precisamente para neutralizar diferenças e dificuldades que persistem entre dois ou mais Espíritos.

O que a lei divina prescreve para o casamento é o amor, na sua mais ampla e abrangente conotação, no qual o sexo é apenas a expressão física de uma profunda e serena sintonia espiritual. Estas uniões, contudo, são ainda a exceção e não a norma. Ocorre entre aqueles que, na expressão de Jesus, Deus juntou, na imutável perfeição de suas leis. Que ninguém os separe, mesmo porque, atingida essa fase de sabedoria, entendimento e serenidade, os Espíritos pouco se importam de que os vínculos matrimoniais sejam indissolúveis ou não em termos humanos, dado que, para eles vige a lei divina que já os uniu pelo vínculo supremo do amor.

Em suma, recuar ante uma situação de desarmonia no casamento, de um cônjuge difícil ou de problemas aparentemente insolúveis é gesto e fraqueza e covardia de graves implicações. Somos colocados em situações dessas precisamente para resolver conflitos emocionais que nos barram os passos no caminho evolutivo. Estaremos recusando exatamente o remédio prescrito para curar mazelas persistentes que se arrastam, às vezes, por séculos ou milênios aderidos à nossa estrutura espiritual.

A separação e o divórcio constituem, assim, atitudes que não devem ser assumida antes de profunda análise e demorada meditação que nos levem à plena consciência das responsabilidades envolvidas.

Como escreveu Paulo com admirável lucidez e poder de síntese.

_ “Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”.

O Espiritismo não é doutrina do não e sim da responsabilidade, Viver é escolher, é optar, é decidir. E a escolha é sempre livre dentro de um leque relativamente amplo de alternativas. A semeadura, costumamos dizer, é voluntária; a colheita é que é sempre obrigatória.

É no contexto da família que vem desaguar um volume incalculável de conseqüências mais ou menos penosas resultantes de desacertos anteriores, de decisões tomadas ao arrepio das leis flexíveis e, ao mesmo tempo, severas, que regulam o universo ético em que nos movimentamos.

Para que um dia possamos desfrutar o privilégio de viver em comunidades felizes e harmoniosas, aqui ou no mundo póstumo, temos de aceitar, ainda que relutantemente, as regras do jogo da vida. O trabalho da reconciliação com espíritos que prejudicamos com o descontrole de nossas paixões, nunca é fácil e, por isso, o comodismo nos empurra para o adiantamento das lutas e renúncias por onde passa o caminho da vitória.

Como foro natural de complexos problemas humanos e núcleo inevitável das experiências retificadoras que nos incumbe levar a bom termo, a família é instrumento da redenção individual e, por extensão, do equilíbrio social.

Não precisaria de nenhuma outra razão para ser estudada com seriedade e preservada com firmeza nas suas estruturas e nos seus propósitos educativos.

Autor: Deolindo Amorim e Hermínio C. Miranda.

A casa queimada.

Um certo homem saiu em uma viagem de avião. Era um homem temente a Deus, e sabia que Deus o protegeria. Durante a viagem, quando sobrevoavam o mar um dos motores falhou e o piloto teve que fazer um pouso forçado no oceano.
Quase todos  morreram, mas o homem conseguiu agarrar-se a alguma coisa que o conservasse em  cima da água. Ficou boiando à deriva durante muito tempo até que chegou a uma  ilha não habitada.
Ao chegar à praia, cansado, porém vivo, agradeceu a Deus por  este livramento maravilhoso da morte. Ele conseguiu se alimentar de peixes e ervas. 
Conseguiu derrubar algumas árvores e com muito esforço conseguiu construir uma casinha para ele.
Não era bem uma casa, mas um abrigo tosco, com  paus e folhas. Porém significava proteção. Ele ficou todo satisfeito e mais uma  vez agradeceu a Deus, porque agora podia dormir sem medo dos animais selvagens  que talvez pudessem existir na ilha. 
Um dia, ele estava pescando e quando terminou, havia apanhado muitos peixes. 
Assim com comida abundante, estava satisfeito com o resultado da pesca.
Porém, ao voltar-se na direção de sua casa, qual tamanha não foi sua decepção, ao ver sua casa toda incendiada.
Ele se sentou em uma pedra chorando e dizendo em prantos: "Deus! Como é que o Senhor podia deixar isto acontecer comigo?
O Senhor sabe que eu preciso muito desta casa para poder me abrigar, e o Senhor deixou minha casa se queimar todinha. Deus, o Senhor não tem compaixão de mim?"
Neste mesmo momento uma mão pousou no seu ombro e ele ouviu uma voz dizendo: "Vamos rapaz?"
Ele se virou para ver quem estava falando com ele, e qual não foi sua surpresa quando viu em sua frente um marinheiro todo fardado e dizendo: "Vamos rapaz, nós viemos te buscar" "
Mas como é possível? Como vocês souberam que eu estava aqui?"
"Ora, amigo! Vimos os seus sinais de fumaça pedindo socorro."

Autor desconhecido


sábado, 5 de agosto de 2017

Viver em Paz.

"..Vivei em paz..."
Paulo, (II CORÍNTIOS. 13:11.)


Mantém-te em paz.
É provável que os outros te guerreiem gratuitamente, hostilizando-te a maneira de viver; entretanto, podes avançar em teu roteiro, sem guerrear a ninguém.

Para isso, contudo - para que a tranqüilidade te banhe o pensamento -, é necessário que a compaixão e a bondade te sigam todos os passos.
Assume contigo mesmo o compromisso de evitar a exasperação.

Junto da serenidade, poderás analisar cada acontecimento e cada pessoa no lugar e na posição que lhes dizem respeito.

Repara, carinhosamente, os que te procuram no caminho...
Todos os que surgem, aflitos ou desesperados, coléricos ou desabridos, trazem chagas ou ilusões. Prisioneiros da vaidade ou da ignorância, não souberam tolerar a luz da verdade e clamam irritadiços... Unge-te de piedade e penetra-lhes os recessos do ser, e identificarás em todos eles crianças espirituais que se sentem ultrajadas ou contundidas.

Uns acusam, outros choram.
Ajuda-os, enquanto podes.
Pacificando-lhes a alma, harmonizarás, ainda mais, a tua vida.
Aprendamos a compreender cada mente em seu problema.

Recorda-te de que a Natureza, sempre divina em seus fundamentos, respeita a lei do equilíbrio e conserva-a sem cessar.

Ainda mesmo quando os homens se mostram desvairados, nos conflitos abertos, a Terra é sempre firme e o Sol fulgura sempre.

Viver de qualquer modo é de todos, mas viver em paz consigo mesmo é serviço de poucos.

Autor: Emmanuel
Psicografia de Chico Xavier. Livro: Fonte Viva

Observar para Atender.

“A piedade é o melancólico, mas celeste precursor da caridade.
primeira das virtudes que a tem por irmã e cujos benefícios ela
prepara e enobrece”. (Allan Kardec, E.S.E. Cap.XIII- ltem 17).


Você comentará falhas alheias, sem resultado edificante, e se fará dilapidador das fraquezas do próximo.
Você censurará o vizinho, sem lhe retificar a posição, e se converterá em juiz impiedoso das vicissitudes dos outros.
Você discutirá as imperfeições do amigo, sem lhe modificar a situação moral, e se transformará em algoz de quem já é vitima de si mesmo.
Você debaterá problemas dos conhecidos, sem os solucionar, e se tornará leviano examinador das causas que lhe não pertencem.
Você exporá feridas do caráter das pessoas, sem as medicar, e se situará na condição de enfermeiro negligente em doenças a que lhe não cabe oferecer assistência.

Cale o verbo que não ajuda, observe e sirva.
Você caminha sob a mesma ameaça. Os outros observam-no também.
Deixe que a tentação da censura morra asfixiada no algodão do silêncio.
Ninguém é infeliz por prazer.
Os que mais erram são doentes contumazes que requerem o medicamento fraterno da prece e do entendimento.
O comentário improdutivo é gás que asfixia as plantas da esperança alheia.
Sua censura é espinho na alma do vizinho.
A exposição dos insucessos do próximo é estilete a ferir-lhe a chaga aberta.

Recorde o Mestre e examine-se.
Sua ascensão apoia-se na ascensão dos companheiros.
A queda de alguém é embaraço em seu caminho.
Auxilie sem exigência e indistintamente.
Permita ao grande tempo a tarefa de corrigir e educar. Confira a você mesmo o impositivo somente de ajudar.
Autor: Marco Prisco
Psicografia de Divaldo Franco. Da obra: Glossário Espírita-Cristão

O Suicida do Trem

Eu nunca me esquecerei que um dia havia lido num jornal acerca de um suicídio terrível, que me impactou: um homem jogou-se sobre a linha férrea, sob os vagões da locomotiva e foi triturado. E o jornal, com todo o estardalhaço, contava a tragédia, dizendo que aquele era um pai de dez filhos, um operário modesto. Aquilo me impressionou tanto que resolvi orar por esse homem. Tenho uma cadernetinha para anotar nomes de pessoas necessitadas. Eu vou orando por elas e, de vez em quando, digo: se este aqui já evoluiu, vou dar o seu lugar para outro; não posso fazer mais. Assim, coloquei-lhe o nome na minha caderneta de preces especiais - as preces que faço pela madrugada. Da minha janela eu vejo uma estrela e acompanho o seu ciclo; então, fico orando, olhando para ela, conversando. Somos muito amigos, já faz muitos anos. Ela é paciente, sempre aparece no mesmo lugar e desaparece no outro. Comecei a orar por esse homem desconhecido. Fazia a minha prece, intercedia, dava uma de advogado, e dizia: Meu Jesus, quem se mata (como dizia minha mãe) "não está com o juízo no lugar". Vai ver que ele nem quis se matar; foram as circunstâncias. Orava e pedia, dedicando-lhe mais de cinco minutos (e eu tenho uma fila bem grande), mas esse era especial. Passaram-se quase quinze anos e eu orando por ele diariamente, onde quer que estivesse. Um dia, eu tive um problema que me fez sofrer muito. Nessa noite cheguei à janela para conversar com a minha estrela e não pude orar. Não estava em condições de interceder pelos outros. Encontrava-me com uma grande vontade de chorar; mas, sou muito difícil de fazê-lo por fora, aprendi a chorar por dentro. Fico aflito, experimento a dor, e as lágrimas não saem. (Eu tenho uma grande inveja de quem chora aquelas lágrimas enormes, volumosas, que não consigo verter). Daí a pouco a emoção foi-me tomando e, quando me dei conta, chorava. Nesse ínterim, entrou um Espírito e me perguntou: - Por que você está chorando? - Ah! Meu irmão - respondi - hoje estou com muita vontade de chorar, porque sofro um problema grave e, como não tenho a quem me queixar, porquanto eu vivo para consolar os outros, não lhes posso contar os meus sofrimentos. Além do mais, não tenho esse direito; aprendi a não reclamar e não me estou queixando. O Espírito retrucou: - Divaldo, e seu eu lhe pedir para que você não chore, o que é que você fará? - Hoje nem me peça. Porque é o único dia que eu consegui fazê-lo. Deixe-me chorar! - Não faça isto - pediu. - Se você chorar eu também chorarei muito. - Mas por que você vai chorar? - perguntei-lhe. - Porque eu gosto muito de você. Eu amo muito a você e amo por amor. Como é natural, fiquei muito contente com o que ele me dizia. - Você me inspira muita ternura - prosseguiu - e o amo por gratidão. Há muitos anos eu me joguei embaixo das rodas de um trem. E não há como definir a sensação da eterna tragédia. Eu ouvia o trem apitar, via-o crescer ao meu encontro e sentia-lhe as rodas me triturando, sem terminar nunca e sem nunca morrer. Quando acabava de passar, quando eu ia respirar, escutava o apito e começava tudo outra vez, eternamente. Até que um dia escutei alguém chamar pelo meu nome. Fê-lo com tanto amor, que aquilo me aliviou por um segundo, pois o sofrimento logo voltou. Mais tarde, novamente, ouvi alguém chamar por mim. Passei a ter interregnos em que alguém me chamava, eu conseguia respirar, para agüentar aquele morrer que nunca morria e não sei lhe dizer o tempo que passou. Transcorreu muito tempo mesmo, até o momento em que deixei de ouvir o apito do trem, para escutar a pessoa que me chamava. Dei-me conta, então, que a morte não me matara e que alguém pedia a Deus por mim. Lembrei-me de Deus, de minha mãe, que já havia morrido. Comecei a refletir que eu não tinha o direito de ter feito aquilo, passei a ouvir alguém dizendo: "Ele não fez por mal. Ele não quis matar-se." Até que um dia esta força foi tão grande que me atraiu; aí eu vi você nesta janela, chamando por mim. - Eu perguntei - continuou o Espírito - quem é? Quem está pedindo a Deus por mim, com tanto carinho, com tanta misericórdia? Mamãe surgiu e esclareceu-me: - É uma alma que ora pelos desgraçados. - Comovi-me, chorei muito e a partir daí passei a vir aqui, sempre que você me chamava pelo nome. (Note que eu nunca o vira, face às diferenças vibratórias.) - Quando adquiri a consciência total - prosseguiu ele - já se haviam passado mais de catorze anos. Lembrei-me de minha família e fui à minha casa. Encontrei a esposa blasfemando, injuriando-me: "- Aquele desgraçado desertou, reduzindo-nos à mais terrível miséria. A minha filha é hoje uma perdida, porque não teve comida e nem paz e foi-se vender para tê-los. Meu filho é um bandido, porque teve um pai egoísta, que se matou para não enfrentar a responsabilidade. Deixando-nos, ele nos reduziu a esse estado." - Senti-lhe o ódio terrível. Depois, fui atraído à minha filha, num destes lugares miseráveis, onde ela estava exposta como mercadoria. Fui visitar meu filho na cadeia. - Divaldo - falou-me emocionado - aí eu comecei a somar às "dores físicas" a dor moral, dos danos que o meu suicídio trouxe. Porque o suicida não responde só pelo gesto, pelo ato da autodestruição, mas, também, por toda uma onda de efeitos que decorrem do seu ato insensato, sendo tudo isto lançado a seu débito na lei de responsabilidades. Além de você, mais ninguém orava, ninguém tinha dó de mim, só você, um estranho. Então hoje, que você está sofrendo, eu lhe venho pedir: em nome de todos nós, os infelizes, não sofra! Porque se você entristecer, o que será de nós, os que somos permanentemente tristes? Se você agora chora, que será de nós, que estamos aprendendo a sorrir com a sua alegria? Você não tem o direito de sofrer, pelo menos por nós, e por amor a nós, não sofra mais. Aproximou-se, me deu um abraço, encostou a cabeça no meu ombro e chorou demoradamente. Doridamente, ele chorou. Igualmente emocionado, falei-lhe: - Perdoe-me, mas eu não esperava comovê-lo. - São lágrimas de felicidade. Pela primeira vez, eu sou feliz, porque agora eu me posso reabilitar. Estou aprendendo a consolar alguém. E a primeira pessoa a quem eu consolo é você."

Divaldo Pereira Franco -fonte: blog Grupo de Oração-

Problemas de Família.

Os problemas familiares em geral, são uma constante em nossa vida. Mas porque isso acontece com tanta freqüência? Por que cada vez mais vemos a violência, os desentendimentos, o desamor entre aqueles que vieram para se unir, se ajustar?
Relembremos um dos ensinamentos do amado Mestre: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?”
Ele falou a uma multidão que o cercava e ainda prosseguiu dizendo: “Eis minha mãe e meus irmãos; porque todo aquele que faz a vontade de Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe.” referindo-se a quem o ouvia. (São Marcos, Cap III v. 20,21 e 31 a 35; São Mateus Cap XII, v. 46 a 50)
Por estas palavras podemos entender à luz da Doutrina Espírita o que o Mestre quis dizer.
Vendo tantas diferenças entre pais, filhos, irmãos, vamos assimilando que realmente a consangüinidade nos une pela simpatia ou por compromissos assumidos nos planos espirituais. Os nossos parentescos carnais, vem a serem nossos irmãos de luta a que viemos para resgatar embates e dívidas anteriores e que hoje nos colocamos lado a lado, auxiliando-nos mutuamente no progresso a que nos comprometemos nesta caminhada.
Pedimos para encarnarmos juntos a fim de marcharmos para o nosso aprimoramento moral, crescendo como espíritos que necessitam de aperfeiçoamento.
É com esta bandeira que viemos para nossa luta, ombreando com companheiros de dificuldades e tribulações semelhantes as nossas. Com o diferencial de estarmos em escalas evolutivas desiguais, mas necessárias para o aprendizado mútuo que nos proporciona o engrandecimento necessário.
A nossa verdadeira família é aquela a qual nos afeiçoamos pela simpatia, pelos sentimentos elevados moralmente, que viemos nos encontrando nas diversos orbes.
Somos todos irmãos, pois somos filhos do mesmo Pai e é nisso que devemos basear nosso relacionamento, pois aquele que julgamos erroneamente ser nosso inimigo, poderá ter sido meu irmão, meu pai, minha mãe ou minha irmã em outras existências e não estou proporcionando a ele a chance do perdão, da caridade e do amor divino, ensinado pelo Pai e exemplificado pelo Mestre Jesus.
 Todo aquele que amar a Deus sobre todas as coisas, amar ao próximo como a si mesmo, estará empregando para com todos, o amor devido a seus irmãos e praticando a Lei maior que o Pai nos legou.

Assim, amados, resolveremos os problemas que tanto nos afligem no momento e extinguir-se-ão as imperfeições que vemos em todos os lares. Tenhamos esta ótica em mente e tratemos de melhorar nosso relacionamento familiar, tendo em vista que o amor sempre deve ser o nosso estandarte maior.

Miguel_@ngelo

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Honrar Pai e Mãe!

Venho através deste chamar a atenção para estas palavras do título, ensinadas pelo Mestre Jesus e que necessitam de uma grande reflexão. No Mundo Moderno em que vivemos, trazemos como herança o pensamento que o futuro é dos jovens e assim mentalizando, acabamos por regrar em um entendimento equivocado de que esse "Mundo" pertence somente a eles e acabamos excluindo os que já o deixaram de ser.
Sim, equivocadamente fizemos isso acontecer e nossas crianças acabam pensando que não mais precisando dos indivíduos mais velhos, pois eles são os "senhores da vida", começam a descartar os idosos, desrespeitando, hostilizando-os, maltratando, abandonando, fazendo de tudo para os deixar "fora da sociedade em que vivem".
E infelizmente isso começa no próprio lar, os jovens começam cedo a revoltar-se contra os pais e estes não conseguem educá-los dentro das regras que foram educados, pois a própria sociedade acha tais normas ultrapassadas, dando razão para que esses mesmos jovens possam fazer o que bem entendem com seus pais, com os "mais velhos" e aí começa o ponto crucial.
Não respeitam os próprios pais, desrespeitam avós, tios e daí partem para a vida, vão para a escola e maltratam seus professores, desrespeitam também seus vizinhos e as demais pessoas que encontram na rua e em qualquer lugar.
Honrar Pai e Mãe, aqui entra o ensino mais sublime que devemos em família, se não prestarmos atenção no detalhe, no fundo moral destas palavras acabaremos por cometer este erro que tratamos acima. Os filhos devem aos pais não somente o amor, não somente o carinho, mas nos diz o Mestre em Honrar, ou seja, muito além do sublime amor, devemos o respeito por tudo o que por nós fizeram, honrar a educação, honrar os conceitos, os exemplos, o esforço que nossos pais fizeram para que pudéssemos ter uma vida, por mais simples que seja, mas a oportunidade de estarmos aqui, cumprindo os planos de Deus já nos dá a obrigação de sermos agradecidos.
Por esta razão é que devemos a eles a piedade filial, o dever de retribuir a eles com todo nosso respeito essas benesses que nos proporcionaram a vida em si já é algo a tornar-nos eternos devedores para com nossos pais e no momento que passamos a respeitá-los, fazendo a eles o que pudermos para terem uma vida tranquila principalmente quando a idade for avançando, saberemos como tratar nossos avós, nossos tios, vizinhos, mestres e todos mais, pois todos de alguma forma passaram pelas mesmas etapas que passamos, todos foram crianças, adolescentes e jovens, todos tiveram suas oportunidades e todos tiveram uma família, mesmo aqueles que as tem por empréstimo em alguns casos particulares, mas todos as têm.
Honrai a estes que são os exemplos de hoje, para que possam também tornar-se dignos de serem seguidos amanhã.
E pensem o futuro pertence a todos, pois viveremos sempre em sociedade, sem exclusões.

Miguel_@ngelo

Culto Cristão no Lar!

O culto do Evangelho no lar não é uma inovação. É uma necessidade em toda parte onde o Cristianismo lance raízes de aperfeiçoamento e sublimação. A Boa-Nova seguiu da Manjedoura para as praças públicas e avançou da casa humilde de Simão Pedro para a glorificação no Pentecostes. A palavra do Senhor soou, primeiramente, sob o teto simples de Nazaré e, certo, se fará ouvir, de novo, por nosso intermédio, antes de tudo, no círculo dos nossos familiares e afeiçoados, com os quais devemos atender às obrigações que nos competem no tempo.
Quando o ensinamento do Mestre vibre entre as quatro paredes de um templo doméstico, os pequeninos sacrifícios tecem a felicidade comum.

A observação impensada é ouvida sem revolta.
A calúnia é isolada no algodão do silêncio.
A enfermidade é recebida com calma.
O erro alheio encontra compaixão.
A maldade não encontra brechas para insinuar-se.

E aí, dentro desse paraíso que alguns já estão edificando, a benefício deles e dos outros, o estímulo é um cântico de solidariedade incessante, a bondade é uma fonte inexaurível de paz e entendimento, a gentileza é inspiração de todas as horas, o sorriso é a sombra de cada um e a palavra permanece revestida de luz, vinculada ao amor que o Amigo Celeste nos legou.
Somente depois da experiência evangélica do lar, o coração está realmente habilitado para distribuir o pão divino da Boa-Nova, junto da multidão, embora devamos o esclarecimento amigo e o conselho santificante aos companheiros da romagem humana, em todas as circunstâncias.
Não olvidemos, assim, os impositivos da aplicação com o Cristo, no santuário familiar, onde nos cabem o exemplo de paciência, compreensão, fraternidade, serviço, fé e bom ânimo, sob o reinado legítimo do amor, porque, estudando a Palavra do Céu em quatro Evangelhos, que constituem o Testamento da Luz, somos, cada um de nós, o quinto Evangelho inacabado, mas vivo e atuante, que estamos escrevendo com os próprios testemunhos, a fim de que a nossa vida seja uma revelação de Jesus, aberta ao olhar e à apreciação de todos, sem necessidade de utilizarmos muitas palavras na advertência ou na pregação.

Emmanuel


Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Luz no Lar. Por diversos Espíritos. 8. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1997. Cap 1, p. 11-12. 

Fluidoterapia!

Entrevista com Divaldo Pereira Franco, dia 18.10.94.
Na reunião doutrinária do Centro Espírita Caminho da Redenção.


         JOSÉ FERRAZ: Divaldo, o que é o passe espírita? Ele cura as nossas desarmonias íntimas com reflexos na mente, na emoção e no corpo? Se isso acontece, como esses mecanismos funcionam?
         DIVALDO: Iremos buscar as origens históricas do passe espírita nos tempos modernos, nas experiências de franz Anton Mesmer, por volta de 1775, em Viena, quando o admirável médico austríaco apresentou à Universidade uma tese a respeito do intercâmbio das energias entre as criaturas humanas e os astros. A tese de Mesmer passaria à posteridade com o nome de fluidismo. Porque a Universidade de Viena considerasse a doutrina do admirável médico como anticientífica, ele recebeu uma proposta em duas alternativas: abandonar as suas experiências e ficar em Viena, ou abandonar Viena  para dar curso ao seu trabalho de investigação, Mesmer optou por transferir-se de Viena para Paris, numa época que precede aos dias da revolução de 89. Entre as clientes que atendeu no seu consultório podem ser recordadas Maria Antonieta e outras personalidades da corte de Luiz XVI.
         Foi Maria Antonieta, principalmente, quem se tornou uma grande divulgadora da energia mesmérica... Encontrava-se, nessa época, em França o militar estadunidense, General Lafayete; diante da revolução operada por Mesmer através do “baquet” ou tina das convulsões – uma grande tina de carvalho, na qual eram colocadas água e peças de metais imantados e em torno dela vários pequenos bancos e nela própria diversos orifícios por onde saiam hastes metálicas, que estavam introduzidas no imã e nos demais elementos dentro da tina, que as pessoas seguravam com o objeto de provocar choques(daí o “baquet”ter passado à posteridade com o nome de tina das convulsões) – 0nde as pessoas, por esta ou aquela razão, entrando num estado alterado de consciência asseveravam estar melhorando dos problemas psicossomáticos, de que eram objeto e porque Maria Antonieta, que era portadora  de uma grande enxaqueca, asseverasse haver se curado ao sentar na tina das convulsões, ele manda essa experiência para a América, através de uma carta memorável, a fim de que chegasse ao Novo Mundo o último fenômeno  que visitava Paris.
         Depois da Revolução francesa o “baquet”, ou tina das convulsões, entrou em relativa decadência.
         Mais tarde, por volta de 1825, as experiências mesméricas ganharam um admirável colaborador, o Marquês de Puységur, armand M. Jacques de Chastenet, que se tornou um admirável magnetizador. A partir de suas experiências o fluidismo mesmérico passou a ser considerado como magnetismo animal. Ele morava em Buzanci e ali atendia uma larga cópia de pacientes da nobreza, da burguesia. E porque os pobres também recorressem ao seu auxílio, o Marquês resolveu magnetizar uma árvore, um seibo, e os pacientes que a tocavam asseveravam assimilar energia, recuperando-se da problemática atormentadora.
         Visitando Paris, Marquês de Puységur teve oportunidade de magnetizar, nos Campos Elíseos, uma árvore que passou a ter propriedades curadoras.
         Nessa época, em 1828, chega a Paris, o jovem professor Hippolyte Leon Denizard Rivail e, diante da moda que tomava conta dos gabinetes de pesquisas, ele também adotou o comportamento de magnetizador. Allan Kardec, pseudônimo pelo qual será conhecido mais tarde, torna-se grande magnetizador; e foi numa das sessões, na residência de madame Plainemaison, como magnetizador, com o Sr. Fortier, que ele teve contato pela primeira vez com as mesas girantes, em uma terça feira de maio do ano de 1855 ( a data não foi anotada devidamente).
         Então, esse magnetismo, mais tarde, a partir de 1856, foi aplicado na terapia de pacientes de vária ordem, quando um deles, de nome Walker, caiu em transe sonambúlico por estar com os olhos detidos em peça brilhante, que o seu magnetizador movimentava. Nascem daí, as primeiras experiências hipinológicas que ficarão centralizadas na Universidade de Paris, especialmente para atender aos histéricos, durante a década 1880-1890, nas memoráveis experiências de Charcot.
         À medida que a Doutrina Espírita se popularizou, aquela aplicação de energias magnéticas passou a ter o contributo também fluídico, graças á interferência dos Espíritos que, invariavelmente, estão em contato com as criaturas humanas, e, a postriori, essas experiências (hoje chamadas de terapia alternativa), principalmente no passe e na água magnetizada, tornaram-se uma forma de os espíritas atendermos a pessoa que tem problemas.
         O passe pode ser considerado sob vários aspectos: o passe magnético, quando a energia exteriorizada é chamada energia animal, do próprio magnetizador; o passe fluídico, quando essa energia é calcada com as vibrações dos Espíritos desencarnados que se utilizam do comportamento mediúnico para transmitir o contributo energético e salutar.
         Essa mesma energia pode ser transmitida à água que, apesar de ser um corpo composto, é considerado dos mais simples; ela assimila com muita propriedade. É uma repetição do fenômeno das bodas de Cana, quando Jesus, a pedido de Maria santíssima, transformou a água dando-lhe o sabor de vinho.
         A transmissão da energia produz resultados saudáveis ou negativos, a depender do fulcro que faz a irradiação dela mesma. Qu8ando se trata de pessoas saudáveis, física, psíquica e moralmente, essa energia recompõe os tecidos porque vai atuar no perispírito, restabelecendo o equilíbrio vibratório para a multiplicação e a renovação das células.
Tanto tem ação de natureza emocional, na área psicológica do indivíduo, como psíquica, nos problemas de alienação mental e de tormento na área da obsessão, como também do refazimento orgânico, por proporcionar ao perispírito a recomposição energética das células que, ao se multiplicarem saudáveis, substituem aquelas degeneradas que, ao morrerem, já não se multiplicam.
         Então o passe espírita é a transmissão da energia através de uma pessoa que, orando, vinculada ao Psiquismo Divino, sintoniza com as Entidades do Bem para realizarem a ação de caridade.

         JOSÉ FERRAZ: Qualquer pessoa pode aplicar passe ou se exigem determinados requisitos?
         DIVALDO: Qualquer pessoa pode aplicar passe. O que merece considerar é a conseqüência da transmissão da energia.
         Uma pessoa caracterizada pelas veleidades morais, vinculada aos vícios chamados sociais, dependentes de drogas químicas e de hábitos censuráveis da promiscuidade sexual e comportamental; as pessoas que agasalham idéias pessimistas, que cultivam a maledicência e os vícios morais, não tem condições de aplicar de maneira saudável, o passe com objetivos curativos. Pode possuir energia, mas essa energia é deletéria conforme o comportamento do indivíduo. Para contribuir a favor da saúde moral, de saúde física, de saúde psíquica, porque somente uma pessoa harmônica pode evitar vibrações equilibradas para sintonizar com o psiquismo em perturbação daquela que se encontra doente.
         Para que se venha a aplicar passes, abandonando hábitos mundanos e modificando a sua estrutura comportamental, tornam-se exigíveis: primeiro, a mudança do direcionamento mental, depois, o cultivo de idéias otimistas, uma alimentação saudável (que seja rica de elementos nutrientes e não aquela que seja rica de toxinas para que estas não sejam eliminadas pela energia que vem do interior do indivíduo para o mundo exterior, no momento da transmissão) mas são especialmente na conduta moral e nos hábitos espirituais, graças a cujo comportamento se atrai Espíritos equivalentes, que está a grande responsabilidade de quem deseja aplicar passes.
         É, portanto, conveniente, sob todos os aspectos, que o pretendente à atividade terapêutica, na área dos passes, realize uma mudança de comportamento para melhor e procure tornar-se realmente um terapeuta de natureza espiritual, a fim de que a sua contribuição não seja negativa e possa realmente ajudar o indivíduo a libertar-se das suas problemáticas.

         JOSÉ FERRAZ: Existem duas expressões do Mestre Jesus que nos chamam a atenção nos fenômenos de cura: “que queres que eu faça?” e “a tua fé te curou”. Qual o significado dessas duas frases na visão espírita?
         DIVALDO: Nem sempre sabemos o que é de melhor para nós. Aquilo que hoje nos significa o melhor, amanhã, talvez, seja a causa da nossa desventura. E Jesus, porque conhecia essa nossa oscilação emocional, quando o homem foi pedir-lhe ajuda e, outras vezes, quando os necessitados dEle se acercavam, Ele lhes perguntava” “O que queres que eu te faça?”. Invariavelmente as pessoas redargüiam: “que me cures”. Por que era o seu grande problema.
         Jesus não apenas curava as seqüelas dos males orgânicos, mas aquele que mantinha um contato com Ele, quando levava as suas doenças, encontrava uma renovação íntima tão profunda que a sua era a cura moral, atingindo-lhe o fulcro espiritual.
         Na pergunta “que queres que eu faça?!, o espiritismo vê o que nós poderemos oferecer a quem nos busca, nem sempre conforme a pessoa quer, mas conforme o que a pessoa tem necessidade para evoluir.. Muitas vezes, a dor que nos amesquinha e que aparentemente nos infelicita é o que há de melhor para o nosso momento, já que nos amadurece para ensejar-nos a colheita de frutos opimos e sazonados mais tarde.
         A fé é o estado de receptividade, porque, se ao doador de energia são exigíveis requisitos essenciais para se colimarem efeitos superiores, àquele que se candidata a receber também são exigíveis requisitos específicos para poder beneficiar-se.

         O Swami Sai Baba tem uma bela imagem numa parábola: diz ele, que existem pedras que estão no fundo do oceano há milhões de anos; estão envoltas pelas águas abissais, mas se as arrebentarmos, elas estão secas por dentro, porque não se deixam permear. Existem outras que apenas o sereno da noite consegue penetra-las; e se nós as arrebentarmos encontrá-las-emos úmidas no seu interior. Essas pedras, para sai Baba, são as criaturas humanas: há pessoas que se encontram muitas vezes mergulhadas no oceano do conhecimento divino e permanecem impermeáveis; não se deixam sensibilizar; as suas necessidades são supérfluas, são sempre exteriores; interiormente estão secas, são frias, indiferentes. E outras são muito sensíveis, facilmente assimilam as boas idéias, beneficiam-se das informações, deixam-se penetrar pelas energias.
         Logo, todo aquele que se candidate à terapia do passe, como beneficiário, deve ser receptivo.  Deve abrir-se para que as vibrações penetrem-lhe e atinjam o perispírito.
         Essencialmente, o indivíduo é constituído de  sete fulcros ou chakras, ou centro de força. Particularmente o chakra coronário, que fica na região da glândula pienal e que é a sede do conhecimento de ordem divina, é o fulcro da  inspiração através do qual nós captamos as ondas do pensamento superior.

         JOSÉ FERRAZ: Existe necessidade de incorporação mediúnica para aplicação do passe?
         DIVALDO: Nenhuma necessidade, já que se pode magnetizar pela própria energia, como faziam Allan Kardec e os magnetizadores do passado. A incorporação mediúnica tem outra finalidade.
         Quando os Espíritos vêm comunicar-se conosco e trazem as suas mensagens, fazem-no em momentos próprios adrede estabelecidos. Durante a terapia pelos passes não é conveniente a incorporação mediúnica, para evitar a mística e a surperstição  e também o desgaste do próprio passista. Porque durante o fenômeno de incorporação há um desgaste de energia ectoplasmática, uma perda de energia curativa. Esses dois desgastes irão perturba o equilíbrio psicssomático do agente aplicador de passe.
         Buda tem uma imagem que nos parece esclarecedora: “uma vela que está acesa numa extremidade terá um tempo em que o combustível manterá a chama iluminando. Mas, se a acendermos pelos dois extremos, naturalmente o combustível se gastará com muito maior rapidez”.
         A pessoa que aplica passes, estando incorporada, vai ter uma despesa de energia desnecessária. O que acontece, no entanto, quando se faz a aplicação dopasse em estado de lucidez e de consciência? No breve intervalo do repouso entre um passe e outro o organismo se refaz qual ocorre na transfusão de sangue.

         JOSÉ FERRAZ: Divaldo, onde se deve aplicar passes?
         Divaldo:  Na casa Espírita.
         Onde se deve fazer cirurgias de grande porte? Nos hospitais. Onde se deve fazer um leve curativo? Em qualquer lugar.
         O passe espírita é uma atividade de profundidade. Muitas vezes, no momento do passe, as entidades venerandas realizam cirurgias perispirituais. Pessoas que tem “células fotoelétricas”, implantadas no cérebro, no cerebelo, ou tem determinados implantes em órgãos enfermos são beneficiados por esses Benfeitores, que se utilizam dos momentos de concentração do paciente e de harmonia com o agente do passe para realizar tais cirurgias.
         No centro Espírita, sim, por se tratar de um lugar onde existe um clima psíquico apropriado, onde se encontram condições mesológicas, porque ali os Espíritos colocam equipamentos especiais de que se utilizam.
         Em emergência, pode-se aplicar o passe em qualquer lugar. O essencial é a condição do agente e, como conseqüência, a receptividade do paciente. Pode-se aplica-lo no lar, naqueles que o habitam, ao término do culto evangélico, ou quando se torna uma necessidade. Não por hábito. Num hospital, quando as circunstancias assim o exigirem. Mas o ideal é que a terapia pelos passes seja aplicada no lugar conveniente que é o Centro Espírita. E por que aí? Porque no centro espírita a pessoa antes faz uma terapia psicológica, ouve para poder libertar-se de idéias que não correspondem à realidade, faz uma psicanálise de grupo, recebe uma onda vibratória essencial e vai, naturalmente, relaxar, por causa do próprio psiquismo ambiente, tornando-se facilmente receptiva.

        
JOSÉ FERRAZ: Como atuam os Bons Espíritos no momento da aplicação do passe?
         DIVALDO: sempre através do perispirito.
         Em A Gênese, capítulo 14, item 7, Allan Kardec fala das propriedades do perispírito e, em outras reporta-se à expansibilidade.

         JOSÉ FERRAZ: As técnicas usadas na aplicação dos passes tem alguma influência nos seus resultados?
         DIVALDO: Toda técnica é um contributo especializado para mais rapidamente se alcançar uma finalidade.
         Jesus, pelo Seu alto poder de dínamo gerador, deu-nos a prova de que as técnicas são meios, mas não se tornam essenciais.
         Chega o cego, Ele cospe na areia e faz lodo, passa-lhe nos olhos e diz-lhe: - “Agora vai lavar-te no poço de siloé” – que era um poço, uma piscina muito famosa nos arredores de Jerusalém – porque a tradição dizia que, periodicamente, os anjos “desciam”, moviam as águas e o primeiro enfermo que nelas caísse após a “agitação” adquiria a cura momentânea. Então o cego vai, lava os olhos e recupera a visão. É uma técnica.
         Ao jovem obsidiado de Gadara, quando ele passa pelo cemitério e o doente grita: “Jesus de Nazaré, que tens Tu contra nós?”, Ele pergunta: “Quem tu és?”. “Nós somos Legião, porque somos muitos aqueles que estamos neste corpo”. Ele impõe: “Legião, eu te ordeno: sai dele”. E os Espíritos saíram porque Lhe obedeceram a força vibratória. Outra técnica.
         Outra vez, uma paciente, portadora de obsessão física que a tornava corcunda, andava para cá e para lá, na Sinagoga. Jesus chamou-a, colocou-lhe a mão no dorso espinhal e corrigiu-lhe a imperfeição, libertando-a da constrição física do obsessor que a tornava uma atormentada.
         Temos ainda o caso da mulher que lhe tocou as vestes, a hemorroíssa, que tocou em Jesus, e o fluxo hemorrágico desapareceu na hora.
         Noutra oportunidade, a mulher caminhava acompanhando o féretro da própria filha, e porque chorava muito, Jesus contemplou o corpo e viu que a menina não estava morta, mas em catalepsia. Ele mandou tirar o envoltório e disse: “talita, cumi” (Levanta –te e anda).
          Ora, ele possuía essa força de irradiação, e nós, que não temos o mesmo poder, utilizamo-nos de algumas técnicas, devendo, todavia, preservar as mais simples, aquelas que sejam enriquecidas de doação para que, em primeiro lugar, a preocupação com a técnica não nos desvie da intenção de ajudar o paciente, e segundo, para que não fiquemos presos a fórmulas e formas, esquecidos do conteúdo, qual aconteceu com outras doutrinas que se preocuparam muito com o exterior e perderam a vitalidade interior.

         JOSÉ FERRAZ: Divaldo, agora nos demonstre um passe padrão, explicando-o detalhadamente para que o entendamos.
         DIVALDO: Antes de faze-lo, abramos um Parêntese: Pressupomos que o paciente tem um problema que não nos revelou – e não devemos ter a leviandade de invadir a privacidade das pessoas que nos procuram, para nos inteirarmos dos seus problemas, É necessário respeitar muito a vida íntima dos que nos buscam, para não nos tornarmos detentores de segredos e depois, consciente ou inconscientemente, fazermos chantagem. O problema de cada um merece todo o respeito, é de sua propriedade. Se a pessoa, espontaneamente, nos diz, peçamos para não entrar em detalhes constrangedores porque, no momento do impacto, ela abre a alma e depois arrepende-se, fica constrangida e afasta-se, ou,  muitas vezes nós, por deficiências do emocional, não captamos bem (cada um ouve e sente conforme a sua capacidade) e interpretamos errado, gerando situações embaraçosas. Muito respeito ao próximo é uma questão que caracteriza a atitude do espírita e o conteúdo do Espiritismo – um problema, não importa qual, e como o Chakra coronário é o centro da vida divina e o fulcro por onde entram as energias para nos vitalizar o organismo, iremos concentrar a nossa atividade nesse chakra, que está na parte superior do crâneo , ele próprio situado na tela túrcica, na base do cérebro, onde se localiza a glândula pienal ou epífese (Missionários da Luz, capítulo 2, André Luiz, estuda em profundidade a função psíquica dessa glândula).
         Então, pressupomos a pessoa com um desequilíbrio de qualquer natureza: a nossa primeira atitude é eliminar o fator perturbador, diríamos, retirar as energias deletérias através de movimentos rítmicos. Sabemos, hoje, através da doutrina do  bioritmo, que tudo no Universo obedece a ritmos , sendo  desnecessário apresentar explicações. As leis de gravitação universal, a circulação do sangue, os batimentos peristálticos... toda a vida transcorre em ritmos equilibrados.
         Através de movimentos rítmicos  iremos retirar essa energia que supomos negativa. Quer se trate de uma obsessão, de uma distonia psíquica ou de um desequilíbrio orgânico, centralizaremos o chakra coronário. Se a pessoa que estamos atendendo falou-nos que tem um problema pulmonar, iremos atuar no chakra correspondente. Mas no início, sempre fazer a “limpeza” no coronário. Terminada essa fase, que deve durar o tempo em que oramos um “Pai Nosso” – para dar idéia de tempo e não ficarmos preocupados oremos suavemente um “pai Nosso” e aí teríamos a dimensão de um minuto e meio a dois minutos, para não ficar cansativo para quem recebe e para quem aplica, e monótono, nem, também, muito rápido –faremos uma pausa e aplicaremos a energia que o organismo do paciente vai absorver para restaurar-lhe o equilíbrio.
         Assim dividimos esse passe simples em três momentos: assepsia, repouso e doação. Ainda, na limpeza, devemos ter o cuidado com o campo vibratório, que é toda a área que envolve a pessoa. Quando estivermos fazendo a assepsia de campo, tiraremos a energia negativa e esse campo (por onde nossas mãos passaram) óbviamente ficará saturado dessa energia. Ao retornar as mãos, fá-lo-emos por um campo neutro, por dentro (próximo ao nosso corpo). Retiramos e retornamos, repetidamente, sem que isso venha a se transformar num ritual. O espiritismo não tem ritual, não tem formalismo, não tem cerimonial.

         Agora esclarecidos, vamos aplicar o passe. Tomemos uma postura agradável: um pé à frente, o outro atrás, para nos movermos sem nos desequilibrar. Evitemos a respiração sobre a face do paciente. Não é necessário, aqui, nos reportarmos aos cuidados da higiene, porque é muito desagradável alguém descuidado acercar-se de outrem produzindo náuseas ou reações compreensíveis. Tenhamos bastante cuidado com os nossos odores, para criarmos constrangimentos nem reações próprias da nossa condição de pessoas humanas. Não falamos só da higiene corporal, porque essa é óbvia. Mas, ao passista, exigir-se-á muito mais: quando ele ao transpirar, sentir-se sem condição física, ceda o lugar a outro, porque não deve ter a pretensão de ser o salvador do mundo; se ele se salvar a si mesmo já é uma grande coisa e se ele ajudar alguém, é um coroamento. Há pessoas que, para impressionar, resfolegam e agitam-se, e movem-se... Isto é só para impressionar, não tem nenhum efeito, nenhum valor. O passe, é óbvio, não depende de força muscular, quanto mais discreto, rítmico, nobre, melhor efeito.
         Evitemos tocar nas pessoas. Não é necessário  segura-las, puxar de dedos, puxar os braços... São superstições, são quejandos que nós colocamos em uma terapia superior, para impressionar.
         Está no Evangelho: “Não é por muito chamar: Senhor, Senhor, que se entrará no reino dos céus”.E o profeta Isaías dizia: “Esse povo honra-me com os lábios, mas não tem no coração”. Portanto o passe é uma terapia eminentemente psíquica, de perispírito a perispírito, de alma a alma. Agora se notarmos que o paciente está muito concentrado, poderemos dar um ligeiro toque como a dizer-lhe: “Já terminei”. O fato de sairmos do seu lado, na maioria das vezes, é o suficiente para ele perceber que terminamos e volte serenamente à sua postura regulamentar.
         Como vimos é uma terapia simples. Tudo o que encontrarmos de arranjos e de exageros são enxertos pessoais que não tem nenhum valor real.
        



A balsa

 Na História da Humanidade encontramos acontecimentos que nos levam a profundas reflexões.
Em 1816, uma fragata francesa encalhou próxima à costa do Marrocos. Não havia número suficiente de botes salva-vidas. Os restos do navio foram a única balsa que manteve vivas cento e quarenta e nove pessoas.
A tempestade as arrastou ao mar aberto por mais de vinte e sete dias sem rumo.
A dramática experiência dos sobreviventes impressionou a um artista. Theodoro Gericault realizou um estudo substancial dos detalhes para produzir a pintura.
Ele entrevistou os sobreviventes, os enfermos e, inclusive, viu os mortos. Horrorizado, reproduziu a íntima realidade humana nessa situação.
Seu quadro, intitulado A balsa de Medusa, retrata não somente o naufrágio do navio A Medusa, ocorrido no dia dois de julho de 1816, mas um acontecimento que comoveu a França e trouxe repercussões que tocaram o mais profundo da alma humana.
Na pintura, pode-se ver as diferentes atitudes humanas que se manifestam  nos momentos cruciais da vida.
Alguns dos sobreviventes se apresentam deitados, em total abandono, sem reação alguma. Parecem simplesmente aguardar a morte inevitável.
Outros se mostram desesperançados, alheios aos demais. O olhar distante, perdido no vazio, demonstra que perderam a vontade de viver e de lutar.
Um punhado deles, no entanto, mantém a esperança acima de tudo. Tiram do corpo as próprias camisas e as agitam com força, fixando um ponto no horizonte, como se desejassem ser vistos por alguma embarcação, por alguém.
O curioso, entretanto, é que embora eles estejam balançando as vestes brancas, não há nenhum navio à vista. Nada que indique que eles serão resgatados.
*   *   *
A balsa é como o planeta Terra. Os tripulantes são a Humanidade e as atitudes que cada um toma diante da vida.
Podemos ser como os desesperançados, quando atravessamos situações difíceis e nos decidimos a simplesmente nos entregar sem luta alguma.
Podemos estar enquadrados entre aqueles que acreditam que não há solução e, assim, também não há porque se esforçar para melhorar o estado de coisas.
Podemos também ser os que duvidamos de tudo e de todos. Ou, finalmente, ser aqueles que mantemos a esperança acima de tudo, esforçando-nos para chegar à vitória, embora ela pareça estar muito, muito distante.
Afinal, decidir pela vitória em toda circunstância que a vida nos coloca é atitude de esperança.
*   *   *
Quando os problemas se multiplicam no norte da vida e os desafios ameaçam pelo sul, as dificuldades surgem pelo leste e os perigos se multiplicam no oeste, a esperança surge e resolve a situação.
Mensageira de Deus, torna-se companheira predileta da criatura humana, a serviço do bem.
É a esperança que, ante os quadros da guerra, conclama ao trabalho e à paz.
Em meio ao inverno rigoroso, inspira coragem e aponta a estação primaveril que, logo mais explodirá em cor, perfume e beleza.
Nunca se afaste da esperança!


Redação do Momento Espírita, a partir do texto A balsa, de autoria
desconhecida e pensamentos do cap. 19 do livro Perfis da vida, pelo Espírito Guaracy Paraná Vieira, psicografia de
Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 24.04.2012.
Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 24.04.2012.

A bagagem.

Existe um personagem de desenhos animados infantis que tem um certo toque de mistério e magia.
Seu nome é Gato Félix. A todo lugar que vá, ele leva a sua maleta. É uma maleta especial, pequena. E tudo o que ele deseja, tira da dita maleta.
Se for hora do lanche, ele encontra frutas, sanduíches e sucos. Se necessitar fazer um conserto, as ferramentas lá estão. Sempre as certas e precisas.
Se chover de repente, basta abrir a maleta para encontrar capa, guarda-chuva, botas. E assim em qualquer situação.
Cada um de nós também possui uma pequena mala de mão, em nossa vida, mais ou menos parecida com a do personagem infantil.
Quando a vida começa, temos em mãos a pequena mala. À medida que os anos passam, a bagagem, dentro dela, vai aumentando.
É que vamos colocando tudo o que recolhemos pelo caminho. Algumas coisas muito importantes. Outras, nem tanto. Muitas, dispensáveis.
Chega um momento em que a bagagem começa a ficar insuportável de ser carregada. Pesa demais.
Nesse momento, o melhor mesmo é aliviar o peso, esvaziar a mala.
Você examina o conteúdo e vai pondo para fora.
Amor, amizade. Curioso, não pesam nada.
Depois você tira a raiva. Como ela pesa! Na sequencia, você tira a incompreensão, o medo, o pessimismo.
Nesse momento, você encontra o desânimo. Ele é tão grande que, ao tentar tirá-lo, ele é que quase o puxa para dentro da mala.
Por fim, você encontra um sorriso. Bem lá no fundo, quase sufocado.
Pula para fora outro sorriso. E mais outro. Aí você encontra a felicidade.
Mas ainda tem mais coisas dentro da mala. Você remexe e encontra a tristeza. É bom jogá-la fora.
Depois, você procura a paciência dentro da mala. Vai precisar bastante dela.
E também procura a força, a esperança, a coragem, o entusiasmo, o equilíbrio, a responsabilidade, a tolerância e o bom e velho humor.
A preocupação que você encontrar, deixe de lado. Depois você pensa no que fazer com ela.
Bem, agora que você tirou tudo da sua mala, deve arrumar toda a bagagem.
Pense bem no que vai colocar lá dentro de novo. Isso é com você.
E depois de toda a bagagem pronta, o caminho recomeçado, lembre de repetir a arrumação vez ou outra.
O caminho é longo até chegar ao final da jornada, e você terá que carregar a mala o tempo todo.
E quando chegar do outro lado é bom que em sua bagagem tenha o máximo de coisas positivas, como boas obras, amizades, carinho, amor.
Porque isso tudo não pesa na sua bagagem, enquanto na terra. Mas quando for colocada na balança da justiça, para além da existência física, pesará e muito, positivamente.
 A vida é uma grande viagem. Durante um tempo excursiona-se pelas paisagens terrenas.
É um período para estudar, trabalhar, progredir.
Um dia, retorna-se para a estação espiritual. É o momento de contar as conquistas e as perdas. Os erros e os acertos.
Que a nossa bagagem, nesse dia, possa estar repleta de virtudes, o bem praticado, afetos conquistados para nossa própria e grande felicidade.

Equipe de Redação do Momento Espírita com base em artigo recebido denominado “A Bagagem”, sem designação de autor.

"Não se perturbe o teu coração. – Crê em Deus..."

O lar

Que as bençãos do Pai de Amor e Bondade sejam presentes na vida de cada um de nós. Que o Mestre Jesus consiga penetrar em nossos corações, t...