sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

 Por Onde Fores

 

Procura ver, além das formas, e ouvir acima das palavras, a fim de que aprendas a auxiliar.

Sob o espinheiro da irritação de um amigo, estará provavelmente um problema doloroso que desconheces.

Na base da resposta contundente de interlocutor determinado, a quem pediste cooperação e bondade, se esconde profundo pesar, prestes a se exprimir em aguaceiro de lágrimas.

No fundo da agressividade imprevista de um companheiro, do qual esperavas a frase dor'>consoladora que te arredasse das próprias inquietações permanece talvez um sofrimento maior que o teu.

E nas vozes que te pareçam inconvenientes, por demasiado extrovertidas e inoportunas, possivelmente se ocultam telas de angustia que, se expostas de improviso, te gelariam o coração.

Atende as tarefas que a vida te reservou e, sobretudo, empenha-te a entender, a fim de não reprovar.

No plano Terrestre, os chamados felizes suportam responsabilidades que se lhes afiguram algemas de cativeiro e muitos daqueles apontados por detentores de privilégios são criaturas chamadas à sustentação das atividades de outras muitas, trabalhando numa cela dourada por fora, mas encharcada por dentro pelo pranto da solidão.

Segue na estrada dos deveres que te foram assinalados, abençoando e amando sempre.

No mundo, somos todos viajores ante as rotas do tempo, em busca de aperfeiçoamento espiritual.

As tribulações que hoje marcam a senda dos outros, amanha talvez sejam também nossas.

Reflete na Bondade Infinita de Deus e caminha.

Por onde fores, carrega contigo a benção do entendimento e a luz da compaixão.

 

MEIMEI.

 SÓCRATES

 

Seu nome em grego é Sokrátes. Sua cidade natal foi Atenas, no ano de 469 a.C., tendo nascido filho de um escultor, de nome Sofronisco e de uma parteira, Fenarete.

Fisicamente, era considerado feio, com seu nariz achatado, olhos esbugalhados, uma calva enorme, rosto pequeno, estômago saliente e uma longa barba crespa.

Casou-se com Xantipa e teve três filhos, mas dizem que trabalhava apenas o necessário para que a família não viesse a perecer de fome.

Tendo sido proclamado pelo oráculo de Delfos como o mais sábio dos homens, Sócrates passou a se incumbir de converter os seus concidadãos à sabedoria e à virtude. Considerava-se protegido por um daimon, gênio, demônio, Espírito, cuja voz, afirmava, desde a infância o aconselhava a se afastar do mal.

Não tinha propriamente uma escola, mas um círculo de familiares, discípulos com os quais se encontrava, de preferência no ginásio do Liceu. Em verdade, onde quer que se encontrasse, na casa de amigos, no ginásio, na praça pública, interrogava os seus interlocutores a respeito das coisas que, por hipótese, deveriam saber, fossem eles um adolescente, um escravo, um futuro político, um militar, uma cortesã ou sofistas.

Dessa forma, conclui que eles não sabem o que julgam saber e, o que é mais grave, não sabem que não sabem. Por sua vez, ele, Sócrates, não sabe mas sabe que não sabe.

Era considerado um homem corajoso e de muita resistência física. Todos se recordavam de como ele, sozinho, enfrentara a histeria coletiva que se seguira à batalha naval de Arginusas, quando dez generais foram condenados à morte por não terem salvo soldados que estavam a se afogar.

Ele ensinava que a boa conduta era aquela controlada pelo Espírito e que as virtudes consistiam na predominância da razão sobre os sentimentos. Introduziu a ideia de definir os termos, pois, antes de se começar a falar, era preciso saber sobre o que é que se estava falando.

Para Sócrates, a virtude supõe o conhecimento racional do bem. Para fazer o bem, basta, portanto, conhecê-lo. Todos os homens procuram a felicidade, quer dizer, o bem, e o vício não passa de ignorância, pois ninguém pode fazer o mal voluntariamente.

Foi denunciado como subversivo, por não acreditar nos deuses da cidade, e também corruptor da mocidade. Não se sabe exatamente o que os seus acusadores pretendiam dizer, mas o certo é que os moços o amavam e o seguiam. O convite a pensar por si mesmos atraía os jovens e talvez fosse isso que temessem pais e políticos. Ocorreu também que um dos seus discípulos, de nome Alcibíades, durante a guerra com Esparta, tinha se passado para o lado do inimigo. Embora a culpa não fosse de Sócrates, pois a decisão fora pessoal, Atenas buscava culpados.

Foi julgado por um tribunal popular de 501 cidadãos e condenado à morte. Poderia ter recorrido da sentença e, com certeza, receber uma pena mais branda. Entretanto, racional como era, afirmou aos discípulos que o visitaram na prisão:

Uma das coisas em que acredito é no reinado da lei. Bom cidadão, como eu tantas vezes vos tenho dito, é aquele que obedece às leis de sua cidade. As leis de Atenas condenaram-me à morte, e a inferência lógica é que, como bom cidadão, eu deva morrer.

É Platão quem descreve a morte do seu mestre, no diálogo Fédon. Sócrates passou esta noite a discutir filosofia com seus jovens amigos. O tema, Haverá uma outra vida depois da morte?

Embora fosse morrer em poucas horas, discutiu sem paixão sobre as probabilidades de uma vida futura, ouvindo mesmo as objeções dos discípulos que eram contrários à sua própria opinião.

Quando o carcereiro lhe apresentou a taça de veneno, em tom calmo e prático, Sócrates lhe disse:

Agora, você que entende dessas coisas, diga-me o que fazer.

Beba a cicuta, depois levante-se e passeie até sentir as pernas pesadas, respondeu o carcereiro. Então, deite-se, e o torpor subirá para o coração.

Sócrates a tudo obedeceu. Como os amigos chorassem e soluçassem muito, ele os censurou. Seu último pensamento foi de uma pequena dívida que havia esquecido. Afastou a coberta que lhe haviam colocado sobre o rosto e pediu:

Crito, devo um galo a Esculápio... Providencie para que a dívida seja paga.

Fechou os olhos e cobriu novamente o rosto. Quando Crito tornou a lhe indagar se tinha outras recomendações a fazer, ele não mais respondeu.

Havia penetrado o mundo dos Espíritos. Era o ano 399 a.C.

Sócrates nada escreveu e sua doutrina somente nos chegou pelos escritos de seu discípulo Platão. Ambos, mestre e discípulo, são considerados precursores da ideia cristã e do Espiritismo, tendo o Codificador dedicado as páginas da introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo para esse detalhamento.

O nome de Sócrates se encontra especialmente em Prolegômenos de O Livro dos Espíritos, logo após o de O Espírito da Verdade, seguido de Platão. Ainda encontramos seus comentários aos itens 197 e 198 de O Livro dos Médiuns, no capítulo que trata dos médiuns especiais, demonstrando que o trabalhador verdadeiro não cessa suas atividades, embora a morte do corpo fisico e que, afinal, somos verdadeiramente uma só e única família universal: Espíritos e homens, envidando esforços para o atingimento da Perfeição.

 

Fonte:

1. Enciclopédia Mirador Internacional, v. 19.

2. Grandes vidas, grandes obras, Seleções Reader's Digest, 1968.

Em 20.4.2020

 Saber escolher os nossos tesouros

 

“Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração."

- Jesus (Mateus 6:19-21.)

 

Imprescindível se torna que tenhamos plena consciência dos nossos objetivos na presente existência.

Ninguém renasce aqui na Terra, em novo e oportuno processo reencarnatório, sem proposta alguma. A meta de todas as criaturas, com mais ou menos maturidade, sempre será o encontro com a paz e a felicidade, objetivos ainda não atingidos, mas em via de realização, mediante os esforços que empreendermos.

As sábias leis divinas permitem que tenhamos a liberdade de escolha e de decisões. Cada um de nós é livre para deliberar sobre as ações que desejamos impetrar, cabendo, obviamente, a obrigatoriedade de recolher o reflexo que virá de cada atitude tomada. Daí, certamente, a importância das escolhas.

Adverte Jesus que “onde estiver o nosso tesouro, aí estará também o nosso coração”, informando que a nossa vida estará atrelada aos nossos desejos, anseios e vocações. Sendo eles ajustados aos moldes do equilíbrio, da decência e da dignidade, nada temos a temer.

No entanto, agindo na indiferença ou na inconsequência das escolhas, muito provavelmente encontremos problemas e aflições pelo caminho.

Nunca devemos olvidar que somos compostos por duas naturezas; a física e a espiritual. Temos obrigações inadiáveis para com a vida material, e sérias responsabilidades com a vida espiritual.

Mesmo sendo difícil, o importante para o nosso bem-estar e serenidade será encontrar uma linha de equilíbrio entre as duas naturezas. Pouco vai adiantar estar bem espiritualmente ocupando um corpo doente ou possuir um organismo físico saudável estando desequilibrado em Espírito.

Com frequência, temos necessidades de refletir sobre a forma e a maneira como estamos conduzindo os nossos dias na presente encarnação, tendo em vista extrairmos o máximo proveito das experiências que a vida nos oferta.

Jesus, num dado momento da sua gloriosa passagem pela Terra, peremptoriamente afirmou: “eu venci o mundo” (João, 16:33), como que a nos esclarecer sobre as reais necessidades de agregarmos valores definitivos, mesmo vivendo de passagem por este planeta, pois que a verdadeira vida é a espiritual.

E, para a espiritual, somente conseguiremos levar os valores reais e as conquistas indestrutíveis, como a caridade, a fraternidade, a paciência, o desapego dos bens materiais, o amor, a compreensão, a tolerância, a gentileza, a educação etc...

Assim, coloquemos o nosso tesouro nas virtudes mencionadas e junto delas estará o nosso coração, recheado de tranquilidade, esperanças e otimismo.

Obviamente, Jesus Cristo, por certo, não espera que vivamos uma vida santificada, pois que ainda somos Espíritos a caminho da perfeição, mas aguarda pelos nossos esforços na direção da prosperidade espiritual, condição imprescindível para que logremos encontrar a paz que sonhamos e a felicidade que buscamos avidamente.

Para tanto é indispensável que saibamos escolher os nossos tesouros.

Reflitamos...

       

 O Consolador

 Revista Semanal de Divulgação Espírita

 O jardineiro

 

Um dia, o executivo de uma grande empresa contratou, pelo telefone, um jardineiro autônomo para fazer a manutenção do seu jardim.

Chegando em casa, o executivo viu que era um garoto de apenas quinze ou dezesseis anos de idade. Contudo, como já estava contratado, ele pediu para que o garoto executasse o serviço.

Quando terminou, o garoto solicitou ao dono da casa permissão para utilizar o telefone e o executivo não pôde deixar de ouvir a conversa.

O garoto ligou para uma mulher e perguntou:

A senhora está precisando de um jardineiro?

Não. Eu já tenho um, foi a resposta.

Mas, além de aparar a grama, frisou o garoto, eu também tiro o lixo.

Nada demais, retrucou a senhora, do outro lado da linha. O meu jardineiro também faz isso.

O garoto insistiu: Eu limpo e lubrifico todas as ferramentas no final do serviço.

O meu jardineiro também, tornou a falar a senhora.

Eu faço a programação de atendimento, o mais rápido possível.

Bom, o meu jardineiro também me atende prontamente. Nunca me deixa esperando. Nunca se atrasa.

Numa última tentativa, o menino arriscou: O meu preço é um dos melhores.

Não, disse firme a voz ao telefone. Muito obrigada! O preço do meu jardineiro também é muito bom.

Desligado o telefone, o executivo disse ao jardineiro:

Meu rapaz, você perdeu um cliente.

Claro que não, foi a resposta rápida. Eu sou o jardineiro dela. Fiz isso apenas para medir o quanto ela estava satisfeita comigo.

*   *   *

Em se falando do jardim das afeições, quantos de nós teríamos a coragem de fazer a pesquisa desse jardineiro?

E, se fizéssemos, qual seria o resultado? Será que alcançaríamos o grau de satisfação da cliente do pequeno jardineiro?

Será que temos, sempre em tempo oportuno e preciso, aparado as arestas dos azedumes e dos pequenos mal-entendidos?

Estamos permitindo que se acumule o lixo das mágoas e da indiferença nos canteiros onde deveriam se concentrar as flores da afeição mais pura?

Temos lubrificado, diariamente, as ferramentas da gentileza, da simpatia entre os nossos amores, atendendo as suas necessidades e carências, com presteza?

E, por fim, qual tem sido o nosso preço? Temos usado chantagem ou, como o jardineiro sábio, cuidamos das mudinhas das afeições com carinho e as deixamos florescer, sem sufocá-las?

*   *   *

O amor floresce nos pequenos detalhes. Como gotas de chuva que umedecem o solo ou como o sol abundante que se faz generoso, distribuindo seu calor.

A gentileza, a simpatia, o respeito são detalhes de suma importância para que a florescência do amor seja plena e frutifique em felicidade.

(Desconheço o autor

 A LENDA DAS TRÊS ÁRVORES

 

Numa reunião de Espíritos, pediram ao velho Simão Abileno que falasse sobre a resposta de Deus às nossas preces.

Ele então, que era mestre na arte de contar histórias, repetiu uma antiga lenda, que faz parte dos contos populares de muitos países, e que diz assim . . .

“Num grande bosque da Ásia Menor, três árvores ainda jovens pediram a Deus que lhes desse destinos importantes e diferentes.

- A primeira queria que sua madeira fosse empregada no trono do mais alto soberano da Terra.

- Depois de ouvi-la, a segunda pediu para ser usada na construção do carro que transportaria os tesouros desse poderoso rei.

- E a terceira desejou ser transformada numa torre, nos domínios do mesmo rei, para mostrar o caminho do Céu.

Quando terminaram de dizer suas preces, Deus enviou à mata um mensageiro seu, para que elas soubessem que seus pedidos seriam atendidos.

Passado muito tempo, quando elas já estavam crescidas, vieram alguns lenhadores e derrubaram as três árvores, deixando muito triste as árvores vizinhas.

Elas foram arrastadas para fora do bosque. Perderam seus galhos, folhas e raízes, mas não perderam a fé nas promessas do Criador.

E se deixaram conduzir, com paciência e humildade . . .

Mas elas jamais podiam imaginar o que veio a acontecer, depois de muitas viagens!

A primeira árvore caiu nas mãos de um criador de animais, que mandou transformá-la num grande cocho, para seus carneiros

A segunda foi comprada por um construtor de barcos.

A terceira foi recolhida à cela de uma prisão, para ser aproveitada futuramente.

As três árvores, mesmo separadas e em grande sofrimento, continuaram acreditando nas palavras do mensageiro celeste.

No bosque, porém, as outras plantas haviam perdido a fé no valor das preces.

E elas ficaram surpresas em saber que, muitos anos mais tarde, as três árvores foram atendidas em seus desejos . . .

A primeira que queria ser transformada no trono do mais alto soberano da Terra, transformou-se num cocho, que mais tarde foi forrada com panos singelos e serviu de berço para Jesus recém-nascido.

A segunda que queria ser transformada num carro que transportaria os tesouros desse rei, foi transformada num barco de pescadores, onde Jesus transmitiu sobre as águas, os mais belos ensinamentos.

A terceira árvore, que queria ser transformada numa torre nos domínios do mesmo rei, para mostrar o caminho do céu, foi transformada numa cruz, seguiu junto o Mestre para o Gólgota (calvário).

E assim, indicava o verdadeiro caminho do Reino de Deus.

Terminada a narrativa, Simão silenciou comovido.

Depois de uma pausa, com lágrimas nos olhos, ele concluiu:

- Em verdade, meus amigos, todos nós podemos dirigir a Deus as preces mais diversas, em qualquer parte e em qualquer tempo. No entanto, todos precisamos cultivar paciência e humildade, para esperar e compreender as respostas de Deus.

Adaptação de uma crônica do Irmão X, do livro “Cartas e Crônicas.”

 Auxílio no Além


Recordai que a vida é sempre a vida em toda parte.

E se, na existência física, defendeis a segurança daqueles que vos merecem carinho, não menoscabeis a possibilidade de auxiliá-los, além da morte.

Na Terra, toda uma rede de ternura afetiva nos enlaça uns aos outros.

Medicais o filhinho doente.

Socorreis o pai enfermo.

Fazeis silêncio em torno do amigo que se rendeu ao próprio desequilíbrio.

Socorreis o companheiro caído no labirinto da angústia.

Respeitais a alma querida que se arremessou desvãos da sombra e compreendeis a dor que vos rodeiam entre espinhos e impedimentos.

Não julgueis que o túmulo represente miraculosa passagem, quando a morte apenas desnuda a consciência para as realidades da vida.

Não exijais da criatura que vos precedeu na Grande Viagem demonstrações de entendimento que ainda não construiu em si mesma ou revelações estranhas ao seu modo de ser.

Lembrai-vos de que, além do sepulcro, o desesperado não se reconforta de improviso, o doente não se cura de imediato, o ignorante não pode senhorear a sabedoria sem a educação de si próprio e o delinquente, não consegue resgatar-se, de inopino, à frente da justiça.

Somos o que somos, incapazes de trair o espírito de seqüência que preside todos os passos da natureza.

Aprendei a cultivar o auxílio aos vivos da Espiritualidade, injustamente julgados mortos no mundo, através da coragem no bem, da serenidade no trabalho e da paciência ante os desígnios da Providência Divina.

Recordai que o pensamento é o fio claro vivo entre a vanguarda dos que partem e a retaguarda dos que ficam.

E se sabeis que a onda de televisão, não erra o alvo a que se destina, a onda mental possui exato endereço, mantendo entre o vosso caminho terrestre e o caminho espiritual dos que vos antecedem na jornada renovadora o perfeito noticiário do coração.

Não condeneis o companheiro que se despede na morte ao esquecimento ou à lamentação, à crítica ou ao desespero.

Guardai a certeza de que os vossos mínimos pensamentos são registrados e ouvidos e, assim como os vivos do Mais Além hoje vos pedem auxílio, no futuro, sereis os viajores da frente, rogando socorro aos homens da Terra que podemos.

(Emmanuel)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

 Traço do Cirineu

O Senhor carregava a cruz dificilmente...
A sentença cruel, afinal, se cumpria.
Liberto Barrabás, Jesus no mesmo dia,

Era levado à morte, ante a ironia
Do fanatismo deprimente...

Brados, altercações, zombaria, algazarra....
O Excelso Benfeitor, no lenho a que se agarra,
Curva-se de fadiga, arrasta-se, tressua,
Escutando em silêncio os palavrões da rua.

O cortejo prossegue... O Cristo, passo em passo,
Por um momento só, exânime fraqueja;
Ajoelha-se e cai, vencido de cansaço.
O povo exige a marcha, excede-se, pragueja....

Nisso, um campônio vem da gleba com que lida.
É Simão de Cirene, homem simples e forte.
Um meirinho lhe pede apoio na subida,
Deve prestar auxílio ao condenado à morte...

_ “Como, senhor? Não posso!...” – exclama o interpelado,
_ “Tenho pressa!” No entanto, o funcionário insano
Grita-lhe em rosto: _ “Cão, obedece ao chamado!...”
E mostra-lhe o rebenque a gesto desumano...

Casado, o lavrador atende e silencia,
Toma parte da cruz sobre o ombro robusto,
Fita o Mestre cansado e o suor que o cobria...
A turba escala o monte e alcança o topo a custo.

Contemplando Jesus, por fim, deposto o lenho,
Diz-lhe Simão: _ “Senhor, achava-me apressado...
A filha cega e muda é o tesouro que eu tenho,
Não queria ferir-te o peito atribulado.

Perdoa, se aleguei a urgência em que me via...
É o coração de pai que falava a chorar...
Sei que estás inocente, ampara-me, alivia
A dor que me avassala e me atormenta o lar...”

Jesus endereçou-lhe um aceno de ternura,
Em meio a multidão, apupado, sozinho
E acentuou: _ “Simão, guarda a fé que te apura,
Todo o bem que se faz é uma luz no caminho.”

O cireneu, de volta, acha a enorme surpresa...
Fala-lhe a filha: - “oh, pai, uma luz veio a mim,
Agora vejo e falo, acabou-se a tristeza,
Tenho a impressão que a Terra é um formoso Jardim!...”

Simão chora, lembrando a cruz que traz na mente
E reconhece o bem por divino troféu,
Que mesmo praticado involuntariamente
É uma força atraindo a intercessão do Céu!...

Maria Dolores

 O maior problema

 

1. O homem é o centro. O mundo é a periferia.

2. Todas as questões políticas e administrativas, todos os enigmas sociológicos e passionais, que espalham na Terra as mais constrangedoras crises de espírito, dependem da solução de um problema único para serem convenientemente decifrados — o problema do reajuste da nossa própria alma ante as Leis Divinas.

3. Não há um Mestre ausente da escola do mundo, mas sim aprendizes que fogem indefinidamente à lição.

4. O Senhor não menospreza os tutelados que lhe aguardam a proteção, mas como atender ao impositivo da comunhão se nos afastamos, sistematicamente, d’Aquele que é a luz de nossos destinos?

5. Pulverizemos as cristalizações de egoísmo e orgulho, vaidade e revolta que nos inibem a visão espiritual.

6. Desatulhemos o santuário íntimo, ocupado por inutilidades e ilusões e a luz divina penetrar-nos-á o coração, determinando novas atitudes à vida consciencial.

7. Somos, ainda, em nosso estado evolutivo, quando confrontados com a Inteligência Perfeita que nos rege, humildes seres pensantes.

8. Ante a grandeza do Universo, as nossas limitações são comparáveis às que separam o verme da estrela.

9. Como penetrar nos domínios de Deus quando nos demoramos imanizados à sombria concha do “eu?”

10. Com que títulos exigir novos Planos do Amor Divino, se ainda permanecemos em continuada recapitulação dos primários mandamentos da justiça humana?

11. Barro nas mãos sábias do oleiro, peçamos ao Senhor nos ajude a suportar o fogo das experiências dolorosas e necessárias, a fim de que nosso espírito adquira a luz indispensável para refletir a Eterna Sabedoria e, então, depois de liquidado o escuro problema que somos nós, em nós mesmos, será lícito esperar, no mundo de nossa alma, a luz da Alvorada Nova.

Assim vencerás — Emmanuel

"Não se perturbe o teu coração. – Crê em Deus..."

O lar

Que as bençãos do Pai de Amor e Bondade sejam presentes na vida de cada um de nós. Que o Mestre Jesus consiga penetrar em nossos corações, t...