segunda-feira, 25 de julho de 2011

Sócrates e a imortalidade da alma


No ano 399 antes da era cristã, o Tribunal dos Heliastas, composto por representantes das dez tribos que compunham a democrata Atenas, reunia-se com seus 501 membros para cumprir uma obrigação bastante difícil.
Representantes do povo, escolhidos aleatoriamente, estavam ali para julgar o filósofo Sócrates.
O pensador era acusado de recusar os deuses do Estado, e de corromper a juventude.
Figura muito controversa, Sócrates era admirado por uns, criticado por outros.
Tinha costume de andar pelas ruas com grupos de jovens, ensinando-os a pensar, a questionar seus próprios conhecimentos sobre as coisas e sobre si mesmos.
Sócrates desenvolveu a arte do diálogo, a maiêutica, este momento do “parto” intelectual, da procura da verdade no interior do homem.
Seus dizeres “Só sei que nada sei” representam a sapiência maior de um ser, reconhecendo sua ignorância, reconhecendo que precisava aprender, buscar a verdade.
Por isso foi sábio, e além de sábio, deu exemplos de conduta moral inigualáveis.
Viveu na simplicidade e sempre refletiu a respeito do mundo materialista, dos valores ilusórios dos seres, e das crenças vigentes em sua sociedade.
Frente a seus acusadores foi capaz de lhes deixar lições importantíssimas, como quando afirmou:
“Não tenho outra ocupação senão a de vos persuadir a todos, tanto velhos como novos, de que cuideis menos de vossos corpos e de vossos bens do que da perfeição de vossas almas.”
O grande filósofo foi condenado à morte por cerca de 60 votos de diferença.
A grande maioria torcia para que ele tentasse negociar sua pena, assumindo o crime, e tentasse livrar-se da punição capital, com pagamento de algumas moedas.
Com certeza, todos sairiam com as consciências menos culpadas.
Todos menos Sócrates que, de forma alguma, permitiu-se ir contra seus princípios de moralidade íntimos. Assim, aceitou a pena imposta.
Preso por cerca de 40 dias, teve chance de escapar, dado que seus amigos conseguiram uma forma ilícita de dar-lhe a liberdade.
Não a aceitou. Não permitiu ser desonesto com a lei, por mais que esta o houvesse condenado injustamente. Mais uma vez exemplificou a grandeza de sua alma.
E foram extremamente tranqüilos os últimos instantes de Sócrates na Terra.
Uma calma espantosa invadia seu semblante, e causava admiração em todos que iam visitá-lo.
Indagado a respeito de tal sentimento, o pensador revelou o que lhe animava o espírito:
“Todo homem que chega aonde vou agora, que enorme esperança não terá de que possuirá ali o que buscamos nesta vida com tanto trabalho!
Este é o motivo de que esta viagem que ordenam me traz tão doce esperança.”
Sim, Sócrates tinha a certeza íntima da imortalidade da alma, e deixou isso bem claro em vários momentos de seus diálogos.
A perspicácia de seus pensamentos e reflexões já haviam chegado a tal conclusão lógica.
O grande filósofo partia, certo de que continuaria seu trabalho, de que prosseguiria pensando, dialogando, e de que desvendaria um novo mundo, uma nova perspectiva da vida, que é uma só, sem morte, sem destruição.
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O Codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, indagou aos imortais:
“No momento da morte, qual o sentimento que domina a maioria dos homens? A dúvida, o medo ou a esperança?”
Ao que os Espíritos lhe respondem:
“A dúvida para os descrentes endurecidos; o medo para os culpados; a esperança para os homens de bem.”
Que possamos todos, a exemplo de Sócrates, deixar este mundo com o coração repleto de esperança.
Texto da Redação do Momento Espírita com base no livro O Fédon, de Platão, Coleção Filosofia – Textos nº 4. ed. Porto e no livro Apologia de Sócrates, de Platão, Coleção Aos pensadores, ed. Nova Cultura

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